Ator ficou conhecido por “Cães de Aluguel” e “Kill Bill”
Michael Madsen, conhecido por interpretar personagens violentos e intensos nos filmes de Quentin Tarantino, morreu nesta quinta-feira (3/7), aos 67 anos. O ator foi encontrado sem vida em sua casa, em Malibu, após uma chamada de emergência. Segundo o Departamento de Polícia do Condado de Los Angeles, Madsen foi declarado morto às 8h25 da manhã.
A causa preliminar foi apontada como parada cardíaca, de acordo com Liz Rodriguez, representante do ator na EMR Media Entertainment.
Carreira marcada por papéis duros e falas memoráveis
Madsen ficou eternizado por seu desempenho como o sádico Mr. Blonde em “Cães de Aluguel” (1992), primeiro longa dirigido por Quentin Tarantino. Também participou de outros filmes do cineasta, como “Kill Bill: Volume 1” (2003), “Kill Bill: Volume 2” (2004), “Os Oito Odiados” (2015) e “Era Uma Vez em… Hollywood” (2019), nos quais interpretou variações de homens rudes, silenciosos e potencialmente perigosos.
Ele declinou o papel de Vincent Vega em “Pulp Fiction” (1994) — que acabou nas mãos de John Travolta — por já ter assumido outro projeto na época: “Wyatt Earp”, de Lawrence Kasdan.
Ao longo de mais de quatro décadas de carreira, acumulou 346 créditos como ator no IMDb, aparecendo em títulos como “Jogos de Guerra” (1983), “Thelma & Louise” (1991), “Free Willy” (1993), “Donnie Brasco” (1997), “007 – Um Novo Dia Para Morrer” (2002), “Sin City” (2005) e “Todo Mundo em Pânico 4” (2006). Nos últimos cinco anos, participou de dezenas de produções independentes de baixo orçamento.
“Às vezes, é preciso pagar a hipoteca”
Em entrevista ao The Hollywood Reporter em 2018, Madsen reconheceu o contraste entre sua fama e sua vida cotidiana. “A celebridade é uma faca de dois gumes. Há muitas bênçãos, mas também muita carga pesada”, disse. “Acho que fui mais convincente do que deveria. Acho que as pessoas realmente têm medo de mim. Me veem e dizem: ‘Caramba, é aquele cara!’”
Ele também falou sobre a necessidade de aceitar projetos abaixo do ideal. “Às vezes, as pessoas esquecem que você precisa pagar a hipoteca, precisa colocar seus filhos na escola. Nem sempre dá pra escolher o melhor roteiro. Você acaba fazendo algo que talvez devesse ter recusado, e tem que conviver com isso o resto da vida.”
O que Tarantino escreveu sobre ele?
Além do cinema, Madsen cultivava uma carreira paralela como poeta e fotógrafo. Seu próximo livro, “Tears For My Father: Outlaw Thoughts and Poems”, está previsto para o ano que vem e contará com um prefácio de Quentin Tarantino. Nele, o diretor escreveu: “Para mim, a verdadeira jornada que Michael, o escritor, explora é o que significa ser um homem num mundo onde as noções de masculinidade com as quais alguns de nós crescemos mal são lembradas. Mas se todo mundo embarcasse na jornada do herói, todo mundo seria herói, não seria?”
Início foi na televisão e nos palcos
Filho de um bombeiro e de uma documentarista vencedora do Emmy, Madsen nasceu em Chicago em 25 de setembro de 1957. Começou no teatro, integrando o elenco da Steppenwolf Theatre Company, onde foi dirigido por John Malkovich em “Ratos e Homens”. Chegou a trabalhar como mecânico em Beverly Hills antes de conseguir seus primeiros papéis na televisão, com participações na série “St. Elsewhere”, antes de chegar ao cinema com o filme “Jogos de Guerra”.
Seu primeiro contato com Tarantino ocorreu durante os testes para “Cães de Aluguel”, como relembrou em entrevista ao The Independent. “Nunca tinha encontrado o Quentin antes. Entrei numa sala no estúdio da Fox, ele estava com os braços cruzados e o Harvey [Keitel] sentado no sofá, descalço.” Embora quisesse interpretar Mr. Pink, personagem que foi para Steve Buscemi, Tarantino o convenceu a assumir o papel do sádico Mr. Blonde.
Família, perdas e polêmicas
Madsen era casado com DeAnna desde o início dos anos 2000 e tinha sete filhos. Um deles, Hudson, que era afilhado do diretor Quentin Tarantino, morreu em 2022, aos 26 anos, em suspeita de suicídio. O ator também era irmão da atriz indicada ao Oscar Virginia Madsen e mantinha uma relação próxima com sua mãe, Elaine, que sobreviveu ao filho.
Nos últimos anos, os filmes de baixo orçamento foram acompanhados por polêmicas. O ator chegou a ser preso no ano passado, acusado de violência doméstica pela esposa, e liberado algumas horas depois, após pagar uma fiança de US$ 20 mil. Ele também foi detido duas vezes por dirigir alcoolizado na região de Malibu, em 2012 e 2019, sendo obrigado a passar por um programa de reabilitação, e voltou à visitar a delegacia em 2022, acusado de invasão de propriedade pelo dono da casa que ele alugava na praia de Malibu.
O advogado e amigo pessoal Perry Wander lamentou a perda: “Michael foi um dos maiores atores americanos. Sua presença na tela era máscula, mas ele era um homem doce, sensível, que escrevia poesias incríveis e teve vários livros publicados. Ele foi meu amigo mais próximo e cliente por 20 anos. Estou devastado. Sei que sua alma está em paz.”