Warner Bros. Discovery anuncia fim da fusão e separação a partir de 2026

Conglomerado será dividido em duas empresas independentes, separando estúdio e streaming do resto do grupo

Divulgação/Warner Bros. Discovery

Zaslav mantém “joias da coroa” e repassa dívida histórica

O fim da Warner Bros. Discovery foi oficializado nesta segunda (9/6) em um movimento que transforma o cenário global do entretenimento: a empresa será dividida em duas companhias abertas até meados de 2026. David Zaslav, atual CEO, ficará à frente do novo grupo de streaming e estúdios, que reunirá ativos estratégicos como HBO, HBO Max, DC Studios, Warner Bros. Pictures, Warner Bros. Television e Warner Bros. Games. A reestruturação também prevê que a divisão de canais de TV, como CNN, TNT Sports, Discovery Channel, Discovery+ e Bleacher Report, passe ao comando do CFO Gunnar Wiedenfels.

Segundo a revista The Hollywood Reporter, além da separação de marcas e operações, a maior parte da dívida da Warner Bros. Discovery — estimada em cerca de US$ 37 bilhões — será transferida para a divisão de TV a cabo, comandada por Wiedenfels. O movimento é visto como uma vitória pessoal de Zaslav, que realiza o desejo antigo de comandar um estúdio histórico de Hollywood e sai do segmento de TV paga em meio à crise do setor.

Como a crise e os fracassos levaram à separação?

A decisão encerra um ciclo de apenas três anos da fusão entre a antiga WarnerMedia (da AT&T) e a Discovery Inc., então comandada por Zaslav, que não atingiu as expectativas dos acionistas e derrubou o valor das ações do conglomerado: o papel saiu de US$ 42 em 2022 para cerca de US$ 10 atualmente. Zaslav, que veio da TV paga e sempre defendeu o modelo, conduziu o grupo a perdas relevantes, como a saída da NBA dos canais do conglomerado e o cancelamento de joint ventures esportivas.

Com a rentabilidade do streaming chegando tarde, cortes de projetos e produções para fins fiscais e uma dívida bilionária acumulada, a pressão sobre a gestão se intensificou — inclusive com críticas públicas à postura do CEO, que manteve remuneração anual próxima de US$ 50 milhões mesmo durante a crise.

O que esperar das novas empresas?

A partir de 2026, Zaslav seguirá como líder da Warner Bros. Streaming & Studios, mantendo o controle das marcas mais prestigiadas de cinema, TV e jogos eletrônicos. Já Gunnar Wiedenfels assume a Warner Bros. Global Networks, herdando todos os canais do grupo menos a HBO e, sobretudo, a maior parte do passivo do grupo.

A manobra encerra o projeto de integração das duas gigantes e devolve à indústria um cenário em que as plataformas digitais e os grandes estúdios se consolidam, enquanto a TV por assinatura enfrenta perspectivas cada vez mais restritas de receita e relevância. Na prática, o novo cenário amplia ainda mais o abismo entre as operações de conteúdo premium e os canais tradicionais em crise.

O que dizem os executivos?

Em comunicado à imprensa, David Zaslav afirmou: “O significado cultural desta grande empresa e as histórias impactantes que ela trouxe à vida por mais de um século tocaram inúmeras pessoas em todo o mundo. É um legado precioso que continuaremos com orgulho neste próximo capítulo da nossa célebre história”. Segundo o CEO, a separação vai “capacitar essas marcas icônicas com o foco mais nítido e a flexibilidade estratégica de que precisam para competir de forma mais eficaz no cenário de mídia em evolução de hoje”.

A divisão essencialmente retoma a estrutura anterior à fusão, separando novamente Warner e Discovery, com a última ganhando alguns bônus, como CNN, TNT e Cartoon Network. Gunnar Widenfels explicou que “essa separação revigorará cada empresa, permitindo que elas aproveitem seus pontos fortes e perfis financeiros específicos. Isso também permitirá que cada empresa busque importantes oportunidades de investimento e gere valor para os acionistas”.

Segundo o executivo, a Global Networks buscará “trabalhar com parceiros de distribuição para criar valor para os espectadores de streaming em todo o mundo, maximizando nossos ativos de rede e impulsionando o fluxo de caixa livre”. A frase parece sinalizar que o conteúdo da Discovery e demais canais da Global sairiam da HBO Max para serem negociados com concorrentes.