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Julgamento de Harvey Weinstein por estupro é anulado em Nova York
Presidente do júri se recusa a continuar deliberação e leva juiz a anular caso de acusação contra ex-produtor
O julgamento de Harvey Weinstein por estupro em Manhattan foi anulado nesta quinta-feira (12/6) depois que o presidente do júri abandonou as deliberações e se recusou a retornar à sala, alegando sentir-se intimidado por outros jurados. Segundo relatos, o jurado declarou ao tribunal estar com medo de permanecer no grupo, o que impediu a continuidade das discussões e forçou o juiz Curtis Farber, da Suprema Corte do Estado de Nova York, a encerrar o caso sem veredicto.
Qual a situação das outras acusações?
Na véspera, o júri já havia entregue decisões sobre as demais acusações contra o ex-produtor de Hollywood. Weinstein foi condenado por ato sexual criminoso de primeiro grau, relacionado à suposta agressão à ex-assistente de produção Miriam Haley em 2006, e absolvido de acusação semelhante pela alegação da aspirante a atriz Kaja Sokola, em 2002.
Novo julgamento será marcado para nova acusação
Com a anulação, os promotores confirmaram que vão buscar um novo julgamento de Weinstein, desta vez pela acusação de estupro em terceiro grau contra a aspirante a atriz Jessica Mann, em episódio datado de 2013. O juiz marcou uma audiência para 2 de julho, quando o novo encaminhamento será decidido.
Weinstein, de 73 anos, mantém a declaração de inocência e nega qualquer relação sexual não consensual. Sua defesa aponta “má conduta grosseira do júri” e alega que o processo foi prejudicado por influência externa no grupo de jurados.
O histórico dos processos de Weinstein
Weinstein já foi condenado por outro júri em Manhattan, em 2020, por estuprar Jessica Mann e agredir Miriam Haley, mas a sentença de 23 anos também foi anulada pela corte mais alta do Estado de Nova York no ano passado, devido ao envolvimento de mulheres no processo que não faziam parte da acusação original. O ex-produtor, cofundador da Miramax — responsável por sucessos como “Shakespeare Apaixonado” e “Pulp Fiction” —, também recorre de uma condenação por estupro em 2022 na Califórnia, que o sentenciou a 16 anos de prisão.
O caso ganhou notoriedade global em 2017, impulsionando o movimento #MeToo e motivando mais de 100 mulheres a denunciarem má conduta do produtor. Para a promotoria, Weinstein usava poder e influência para abusar de mulheres, enquanto a defesa sustenta que as denunciantes mentiram após relações consensuais não resultarem em estrelato.
O promotor distrital de Manhattan, Alvin Bragg, afirmou que as disputas entre jurados refletem a intensidade do debate, rejeitando suspeitas de má conduta grave.