Bira Presidente, fundador do Fundo de Quintal e Cacique de Ramos, morre aos 88 anos

Sambista morreu no Rio em decorrência de câncer de próstata e Alzheimer após trajetória decisiva no samba carioca

Instagram/Bira Presidente

Referência do samba

O sambista Bira Presidente, fundador do Fundo de Quintal e do bloco Cacique de Ramos, morreu na noite de sábado (14/6) no Rio de Janeiro aos 88 anos, em consequência de complicações relacionadas ao câncer de próstata e ao Alzheimer. O artista estava internado no Hospital da Unimed Ferj, na Barra da Tijuca, Zona Oeste da cidade, após apresentar um quadro clínico delicado nos últimos dias. A informação foi confirmada em comunicado divulgado no início da semana.

Bira deixa duas filhas, dois netos e uma bisneta. Em nota conjunta, os grupos criados por ele ressaltaram: “Bira construiu uma trajetória marcada pela firmeza, pela ética e pela contribuição inestimável ao samba e à cultura popular brasileira”.

Quem foi Bira Presidente?

Ubirajara Félix do Nascimento nasceu no Rio de Janeiro em 23 de março de 1937. Filho de mãe de santo e de um serralheiro, foi introduzido ao universo do samba pelo pai, frequentador de rodas e encontros com nomes como Donga, Pixinguinha, Carlos Cachaça, Honório Guarda e Gastão Viana.

Em janeiro de 1961, fundou o Grêmio Recreativo Cacique de Ramos, bloco que se tornaria um dos mais tradicionais do Carnaval carioca, com frequentadores célebres como Beth Carvalho, Zeca Pagodinho, Jorge Aragão e Arlindo Cruz. No espaço da sede, em Olaria, as tamarineiras ficaram conhecidas como símbolo de bênção e realização de desejos para quem vive do samba.

Como Bira marcou o samba e resolveu rivalidades?

Bira foi peça fundamental na fundação do Fundo de Quintal, grupo responsável por influenciar toda uma geração com uma nova linguagem para a roda de samba. Também foi reconhecido por sua habilidade diplomática: em 1967, diante do acirramento da rivalidade entre o Cacique de Ramos e o Bafo da Onça, ele selou a paz ao visitar pessoalmente o bloco rival. Recebido inicialmente com desconfiança, foi à sede acompanhado de dois amigos e declarou: o Bafo era inspiração para seu próprio bloco. O gesto resultou em uma aproximação histórica, marcada por parceria entre as agremiações.