Alinne Moraes critica censura a beijos lésbicos em novelas: “Em 2025, selinhos estão sendo censurados”

Atriz aponta retrocesso em representatividade LGBTQIA+, denuncia cortes de cenas afetivas em produções recentes e destaca romance sáfico em “Guerreiros do Sol”

Divulgação/Globo

Atriz denuncia retrocesso em novelas da Globo

Alinne Moraes afirmou que as novelas brasileiras sofreram retrocesso na representação LGBTQIA+ nos últimos 25 anos. A atriz, que interpretou uma personagem lésbica em “Mulheres Apaixonadas” (2003), relatou ter enfrentado preconceito dentro e fora da televisão à época. Agora, ela volta ao tema em “Guerreiros do Sol”, nova produção do Globoplay, em que vive Jânia, personagem que terá um envolvimento homoafetivo.

Durante evento de lançamento da novela, Alinne expressou incômodo com os recentes vetos promovidos pela Globo. Em 2023, a emissora censurou dois beijos lésbicos: um em “Terra e Paixão” e outro em “Vai na Fé”. Atualmente, “Vale Tudo” tem um casal lésbico que não se beija. “As coisas mudaram, mas quando damos cinco passos para frente, parece que damos dez para trás. Eu me lembro que quando coloquei no TBT a Clara e a Rafaela, uma geração mais nova me perguntou: ‘Mas e o selinho?’. E agora, em 2025, selinhos estão sendo censurados”, afirmou.

Como a atriz enxerga a evolução da TV?

Alinne Moraes declarou não ter certeza sobre avanços reais em relação à diversidade nas novelas. “Se você me perguntar se andamos para frente depois de 20 anos eu não sei te dizer”, avaliou. Entretanto, em “Guerreiros do Sol”, que é feita para o streaming, ela garante ter cenas românticas com Alice Carvalho, sua parceira na trama: “Gravamos muitas cenas [de beijo e romance], elas são um casal que se amam”.

Na história, Jânia é uma mulher letrada e progressista, casada com Idálio (Daniel de Oliveira). Seu envolvimento com Otília (Alice Carvalho), irmã de Rosa (Isadora Cruz), se desenrola no Sertão da década de 1920. O romance nasce de uma amizade e se torna proibido pela sociedade da época.

O que representa a personagem Jânia?

A atriz destacou a força da personagem diante da opressão e das transformações no contexto do cangaço. “As mulheres eram tratadas realmente como objetos, posse masculina. A Jânia é uma mulher que leva uma vida nova, um entendimento diferente para essas mulheres sertanejas. No início ela é muito submissa, como todas na época, mas durante essa guerra do cangaço ela se vê ali necessitando se posicionar. Quando ela encara e abraça a mulher guerreira e revolucionária que ela é. A luta dela é muito bonita”, concluiu Alinne.