Estrela de grito imortalizado no cinema sci-fi
Kathleen Hughes, atriz consagrada por seu grito em “Veio do Espaço” (1953), morreu aos 96 anos nesta segunda-feira (20/5). O falecimento foi comunicado pelo amigo John Jigen Griffin-Atil.
Nascida Elizabeth Margaret von Gerkan, em Los Angeles, Hughes era sobrinha do dramaturgo F. Hugh Herbert. Após formar-se na Fairfax High School, ingressou no L.A. City College e foi descoberta por um olheiro da Fox ao atuar na peça universitária “Night Over Taos”.
Contratada pelo estúdio, estreou em “A Taverna do Caminho” (1948), ao lado de Cornel Wilde e Ida Lupino. Trabalhou em títulos como “O Gênio Vai para a Escola” e “Todas as Primaveras” (1949), além de “Mamãe, Ele e Eu”, sempre em pequenos papéis. Após três anos, foi dispensada pela Fox, migrando para a Warner, onde figurou em “Sonharei com Você” (1951), com Doris Day.
A transformação da carreira veio quando tingiu os cabelos de loiro para protagonizar “For Men Only” (1952), dirigido e estrelado por Paul Henreid. A mudança visual chamou atenção da Universal e a levou a participar dos testes de câmera 3D para “Veio do Espaço”, adaptação de Ray Bradbury dirigida por Jack Arnold.
Durante os testes, Hughes contou: “Eles me pediram para caminhar de maiô, talvez por eu ser bem tridimensional naquela época”, revelou em 2012, à Film Noir Foundation. Mesmo com o elenco já definido, a atriz leu o roteiro, identificou um papel secundário e insistiu por um mês até conseguir a personagem, a namorada do alienígena vivido por Russell Johnson.
A fama veio após a sessão de fotos promocionais do filme. Orientada a “levantar as mãos e gritar”, Hughes registrou a expressão que se tornaria símbolo do terrorsci-fi. “Aquela foto foi um sucesso instantâneo. Adoraram e o filme vive até hoje por causa dela”, disse em 2019 à Fox News. A imagem foi usada em cartões de aniversário, campanhas publicitárias e até anúncios de preservativos.
A atriz lembrou com humor das adaptações: “O retrato já apareceu em tudo, de cartão de aniversário a propaganda de homus. Um primo meu no Canadá viu meu rosto num cartão!”.
Trajetória no cinema, TV e curiosidades
Após “Veio do Espaço”, Hughes deu a Rock Hudson seu primeiro beijo nas telas em “A Espada de Damasco” (1953). Ela ainda trabalhou novamente com Jack Arnold no noir “O Crime da Semana” (1953) e destacou-se como vilã em “Três Irmãs Más” (1956). “Adorava a cena em que chicoteava minha irmã e a via correr noite adentro até cair do penhasco”, recordou com ironia.
Com a popularização da televisão, Kathleen Hughes migrou para a telinha, onde participou de dezenas de séries famosas, com destaque para papéis recorrentes em “Nós e o Fantasma” (1968-1970) e “Bracken’s World” (1969–1970), drama ambientado nos bastidores de Hollywood produzido por seu marido, Stanley Rubin. Ela interpretava Mitch, secretária de um produtor, vivendo os bastidores do cinema também fora das telas. Entre outras produções, ela ainda participou de “Marcus Welby, Médico”, “O Fuzileiro das Arábias”, “Barnaby Jones”, “Missão: Impossível”, “Jeannie É um Gênio”, “M.A.S.H.” e “Perry Mason” nas décadas de 1960 e 1970.
Kathleen Hughes e Stanley Rubin foram casados por 59 anos, até a morte do produtor em 2014. Tiveram três filhos: Angie, editora musical de cinema; John, documentarista; e Michael.