Carreira de destaque na TV e no teatro
Dorinha Duval morreu nesta quarta-feira (21/5), aos 96 anos. A informação foi compartilhada por sua filha, a atriz Carla Daniel, que escreveu: “Trouxe bons momentos para o público brasileiro”. As causas da morte não foram divulgadas.
Dorinha iniciou a carreira como vedete no teatro de revista nos anos 1950 e estreou na televisão em “Verão Vermelho” (1969), da Globo. Na emissora, participou de novelas clássicas como “Irmãos Coragem” (1970), “Minha Doce Namorada” (1971), “Selva de Pedra” (1972) e “O Bem-Amado” (1973), em que viveu Dulcinéia, uma das irmãs Cajazeira.
Entre 1977 e 1980, interpretou a primeira Cuca na versão do “Sítio do Picapau Amarelo” feita pela Globo, onde fez grande sucesso. Sua trajetória foi interrompida em 1980, após se envolver em um caso policial que teve grande repercussão nacional.
O crime que mudou sua história
Em 5 de outubro de 1980, Dorinha matou o marido, Paulo Sérgio Garcia de Alcântara, com três tiros durante uma discussão. Segundo relatos da época, divulgados pela revista Manchete, o relacionamento era marcado por brigas frequentes, dívidas e ciúmes. O marido era viciado em jogo e a atriz arcava com os débitos. Dorinha ainda afirmou ter sido alvo de ofensas e agressões físicas.
No livro de memórias, Dorinha relatou que ouviu do marido: “Você está velha, feia, gorda. Você já era. Porque eu não quero nada com uma velha como você. Vê se se olha no espelho! Você acha que eu vou querer alguma coisa contigo?”. Ela disse que, após ser agredida e ameaçada, pegou a arma e atirou: “Ele disse que seria uma ótima ideia e que a arma estava na gaveta. Após ser atingida por um tapa na região da cabeça, fugi dele, peguei a arma e disparei. Daí tudo ficou escuro na minha frente. Só me lembro de ver o Paulo caído, ensanguentado”.
Julgamento, condenação e vida após a prisão
Dorinha respondeu ao processo em liberdade e enfrentou dois julgamentos, em 1983 e 1989. No primeiro, foi reconhecida legítima defesa e recebeu pena de um ano e seis meses de prisão. No segundo julgamento, foi condenada a seis anos por homicídio sem agravantes, cumprindo parte da pena em regime semiaberto e, depois, aberto. Após o caso, tornou-se artista plástica e não retornou à televisão.
Carla Daniel, ao se despedir da mãe, expressou: “É com tristeza, mas alívio que nos despedimos. Mãe, avó, amiga e que nos trouxe bons momentos de alegria para o público brasileiro. Te amo”.