Depoimento no tribunal revela plano violento de Sean Combs
Sean “Diddy” Combs foi acusado por sua ex-assistente Capricorn Clark de ter organizado um complô armado para matar o rapper Kid Cudi durante uma crise de ciúmes de sua ex-namorada, a cantora Cassie Ventura. O relato foi apresentado na terça-feira (27/5) no tribunal federal de Manhattan, durante julgamento de Combs por tráfico sexual e extorsão.
Clark, ex-diretora de marca global da Bad Boy Entertainment, empresa de Diddy, afirmou que foi sequestrada sob ameaça de arma em dezembro de 2011, quando Diddy descobriu o relacionamento de Cassie com Kid Cudi.
Passo a passo do plano de assassinato
Segundo Clark, o episódio aconteceu em 2011, quando ela mantinha relação próxima com Cassie Ventura, então namorada de Combs. Ao descobrir que Cassie mantinha um relacionamento com Kid Cudi, Combs foi à casa de Clark em Los Angeles por volta das 5h30 da manhã. “Ele estava andando de um lado para o outro”, disse Clark. “Ele estava furioso.” Clark afirmou que Diddy usava camisa branca, calça social rasgada e carregava uma arma.
Ao entrar na casa, Combs perguntou “Quem é Scott?”, e Clark respondeu: “Não conheço nenhum Scott.” Combs então disse: “Kid Cudi.” Clark respondeu: “Ah, amigo da Cassie.” Em seguida, relatou: “Ele falou: ‘Vista-se, nós vamos matar esse desgraçado’.” Quando questionada sobre a quem Combs se referia, Clark afirmou: “Kid Cudi.”
Clark disse que se recusou a ir, mas Combs, com a arma na cintura, insistiu e ordenou que ela saísse. No carro, o segurança Rubin dirigia enquanto Clark era levada até a casa de Scott Mescudi, em Hollywood Hills. Segundo o depoimento, Clark ligou para Cassie Ventura durante o trajeto e relatou: “Ele me trouxe até a casa do Mescudi com uma arma para matar ele.”
Cassie, ao ouvir o relato, teria dito: “Ele está na minha casa?” Clark então pediu que ela impedisse o namorado de voltar: “Ele vai acabar se matando.” Ainda assim, Cudi foi até a residência. Clark narrou que o carro do rapper estacionou ao lado da SUV de Combs, mas ele conseguiu fugir e Combs o perseguiu. Kid Cudi confirmou em depoimento que sua casa foi invadida em dezembro de 2011 e que encontrou presentes de Natal desembrulhados e o cachorro preso em outro cômodo. Ele chamou a polícia.
Enquanto isso, Combs foi com Clark a uma boate na Sunset Boulevard e, segundo o depoimento, telefonou para Cassie Ventura ameaçando: “Se vocês não convencerem ele a não colocar meu nome no boletim de ocorrência, vou matar todos vocês.”
Agressão a Cassie Ventura relatada em juízo
No mesmo dia, Clark e Ventura foram à casa de Combs, onde, segundo Clark, a agressão aconteceu imediatamente após a chegada. “Assim que entramos, ele começou a chutar a Cassie com força total”, afirmou. “Ela caiu no chão e ficou encolhida em posição fetal.” Clark relatou que Ventura “chorava em silêncio”, e por isso começou a chamar os seguranças pedindo que impedissem a violência.
Questionada se tentou intervir, Clark declarou: “Ele disse que, se eu tentasse impedir, ele ia me bater também. Meu coração se partiu vendo ela apanhar daquele jeito.” Clark disse que ligou para a mãe de Cassie Ventura e implorou: “Ele está batendo na sua filha… por favor, ajude ela… eu não posso chamar a polícia, mas você pode.”
Perguntada se chamou a polícia, Clark tirou os óculos, enxugou as lágrimas e respondeu, com voz trêmula: “Eu não chamei.”
Depoimentos citam novos episódios de violência e ameaças
Kid Cudi ainda relatou um incidente em janeiro de 2012, quando seu carro foi incendiado com um coquetel molotov, mas afirmou não ter provas suficientes para responsabilizar Combs. Clark contou que, meses depois, foi procurada por investigadores do Corpo de Bombeiros para prestar depoimento sobre o caso, mas disse não ter informações.
Clark também declarou que relatou o sequestro, as ameaças e a agressão presenciada ao então presidente da Bad Boy Records, Harve Pierre, que ignorou as denúncias. Cinco meses depois, ela foi demitida.
Ao longo de sua trajetória profissional com Combs, Clark afirmou que sofreu ameaças frequentes: “Ele dizia que devia me matar.” Quando foi dispensada em agosto de 2012, Clark relatou: “Ele disse que faria eu me matar.”
Por que Clark voltou a trabalhar para Combs após as ameaças?
Ela afirmou que foi demitida diversas vezes, mas sempre voltou ao trabalho por não conseguir outros empregos. Após acordo trabalhista, retornou à equipe, mas destacou que, a cada dispensa, perdia benefícios como carro, casa e plano de saúde.
Clark também detalhou um episódio em que, durante uma viagem para Miami, foi forçada a realizar um teste de polígrafo para Combs após o sumiço de joias. “Se você não passar no teste, vão jogar você no East River”, disse o examinador, segundo o relato de Clark. O teste durou cinco dias, com escolta de seguranças, e Clark afirmou que nunca denunciou o caso por medo: “Eu só queria sobreviver.”
Sean “Diddy” Combs responde por tráfico sexual e associação criminosa. Caso condenado, pode pegar prisão perpétua.