Clem Burke, baterista da banda Blondie, morre aos 70 anos

Clem Burke, baterista da banda Blondie, morre aos 70 anos

Músico enfrentava câncer em silêncio e foi descrito como “coração pulsante” da banda por Debbie Harry e Chris Stein

Instagram/Blondie

Morte anunciada pela Blondie

O baterista Clem Burke, integrante original da banda Blondie, morreu no domingo (6/4) aos 70 anos, após enfrentar discretamente um câncer. A notícia foi confirmada nesta segunda-feira (7/4) pelo perfil oficial da banda nas redes sociais.

“É com profunda tristeza que compartilhamos a notícia da morte de nosso querido amigo e colega de banda Clem Burke, após uma batalha privada contra o câncer”, diz o comunicado assinado por Debbie Harry, Chris Stein e “toda a família Blondie”.

“Clem não era apenas um baterista; ele era o coração pulsante do Blondie. Seu talento, energia e paixão pela música eram incomparáveis, e suas contribuições para o nosso som e sucesso são imensuráveis. Além de sua musicalidade, Clem era uma fonte de inspiração dentro e fora do palco. Seu espírito vibrante, entusiasmo contagiante e ética de trabalho sólida tocaram todos que tiveram o privilégio de conhecê-lo.”

Trajetória com Blondie

Burke integrou o Blondie desde a formação de 1975 e participou de todos os álbuns do grupo, do disco de estreia “Blondie” (1976) até “Pollinator” (2017), último lançamento da banda. Foi figura central no sucesso de “Parallel Lines” (1978), álbum que lançou o hit “Heart of Glass”, além de discos como “Eat to the Beat” (1979), “Autoamerican” (1980) e os trabalhos pós-reunião como “No Exit” (1999) e “The Curse of Blondie” (2003).

Nos últimos anos, ele e a vocalista Deborah Harry eram os únicos integrantes originais ainda ativos nas turnês, como no festival Cruel World de 2023, realizado em Pasadena. Chris Stein, também fundador do grupo, vinha afastado por motivos de saúde.

Reconhecimento em parcerias

Reconhecido por sua intensidade nos palcos, Burke tocava com outros artistas sempre que o Blondie estava em hiato. Durante os anos 1980 e 1990, tocou com os Romantics, Eurythmics, Iggy Pop, Bob Dylan, Joan Jett, Pete Townshend, Dramarama e os Fleshtones. Em 1987, chegou a substituir Marky Ramone em dois shows dos Ramones sob o codinome “Elvis Ramone”. Também tocou com as Go-Go’s e formou, em 1983, o supergrupo Chequered Past ao lado de Steve Jones (Sex Pistols), Nigel Harrison (Blondie), Tony Sales e Michael Des Barres.

Nos anos 2010, integrou a banda Empty Hearts, formada por Wally Palmar (Romantics), Andy Babiuk (Chesterfield Kings), Elliot Easton (The Cars) e Ian McLagan (Faces), com álbum produzido por Ed Stasium e lançado pelo selo de Steven Van Zandt.

Homenagens e legado

O empresário Jonathan Wolfson, que trabalhou com Burke no projeto Empty Hearts, lembrou o baterista como “uma força da natureza”. “Tenho até vídeo dele ensinando meu filho Danny a tocar bateria”, contou.

Em 2006, Burke foi incluído no Rock and Roll Hall of Fame junto com os demais integrantes do Blondie. Anos depois, recebeu um doutorado honorário da Universidade de Gloucestershire pelo projeto de pesquisa que desenvolveu durante oito anos, analisando os efeitos físicos e psicológicos da bateria sobre o corpo humano.

Para não parar no período em que Blondie deixou de fazer shows, chegou a tocar com a banda cover Bootleg Blondie, iniciativa que gerou tensão com seus colegas de banda. Em 2022, declarou à TIDAL: “É uma experiência muito interessante para mim, embora um tanto controversa, mas consigo enxergar que o legado da Blondie são realmente as músicas”.