Audiossérie investiga crimes históricos
A audiossérie “Yawara – Uma História Oculta Sobre o Brasil”, idealizada por Alice Braga, explora registros históricos que evidenciam crimes cometidos contra povos indígenas e a destruição da Amazônia durante a ditadura militar. Dividida em oito episódios, a produção aborda temas como a proteção da floresta e a invisibilidade da violência contra os povos originários.
Alice Braga contou em coletiva de imprensa que o projeto nasceu de sua curiosidade sobre os impactos da ditadura nos povos indígenas. “Eu já tinha muita curiosidade sobre o que a ditadura militar causou também aos indígenas, mas foi [só após] saber sobre a existência do relatório de Figueiredo que surgiu o desejo de que mais pessoas soubessem da existência desse relatório e usar ele como a ponta de um iceberg para falar sobre a questão indígena no país”, afirmou.
O Relatório Figueiredo foi um documento produzido por Jader de Figueiredo Correia durante a ditadura militar, que falava sobre crimes cometidos contra os povos indígenas entre 1966 e 1968. Censurado pela ditadura, o documento foi redescoberto em 2012 pela Comissão Nacional da Verdade, que trouxe à luz a violência cometida na Amazônia.
Parcerias fundamentais na construção da obra
A atriz destacou a importância de suas conexões ao longo do projeto, incluindo a professora e ativista indígena Daiara Tukano, que também narra a audiossérie. Daiara reforçou a dificuldade de tratar casos de violência histórica devido à invisibilização sistemática dessas atrocidades. “É um caso bastante chocante, na verdade”, ressaltou durante a coletiva.
Conexões entre “Yawara” e o filme “Ainda Estou Aqui”
Alice Braga também traçou paralelos entre “Yawara” e o filme “Ainda Estou Aqui”, que aborda o impacto da ditadura no Brasil. Para ela, ambos os projetos têm como objetivo iluminar os erros do passado para evitar que se repitam. “A gente vê a alegria que é ver o ‘Ainda Estou Aqui’ com 2 milhões de espectadores. Isso é tipo Copa do Mundo, porque a gente tem que celebrar o cinema e, conectando com ‘Yawara’, celebrar a nossa história, lembrar para não esquecer”, comentou.
A ligação entre os dois trabalhos também se dá por meio de Eunice Paiva, retratada no longa, que teve um papel crucial na causa indígena. Eunice conheceu o pai de Daiara Tukano durante o período em que lideranças buscavam apoio para levar suas demandas à Assembleia Nacional. Além disso, Eunice foi responsável pelo registro de nascimento de Daiara em 1982, em uma época em que cartórios brasileiros não aceitavam nomes indígenas. “Os cartórios não aceitavam nomes indígenas, tinha que colocar nome de branco, e a Eunice fez o favor de assinar um parecer, como advogada, para que o cartório aceitasse o registro do meu nome”, revelou Daiara.
“Yawara” já está disponível na plataforma Audible.