Estreias | “Meu Malvado Favorito 4” chega aos cinemas

Além da animação, cinemas recebem o terror cult "Entrevista com o Demônio" e o brasileiro "A Flor do Buriti", premiado no Festival de Cannes, entre outros lançamentos

Divulgação/Universal Pictures

Principal lançamento desta quinta (4/7), “Meu Malvado Favorito 4” chega aos cinemas com a missão de fazer frente ao sucesso de “Divertida Mente 2”, que quebrou todos os recordes de animação no Brasil e há duas semanas lidera as bilheterias nacionais. A franquia é uma das mais populares da Universal/DreamWorks e contará com grande distribuição para tentar superar a concorrência da Disney/Pixar. Os demais lançamentos ocupam bem menos salas, com destaque para o terror cult “Entrevista com o Demônio”, a comédia italiana “Ainda Temos o Amanhã” e a produção luso-brasileira “A Flor do Buriti”, premiado no Festival de Cannes. Veja todos os títulos novos abaixo.

 

MEU MALVADO FAVORITO 4

 

O sexto filme da franquia animada (contando dois “Minions”) mostra que a família de Gru cresceu, com o nascimento de seu filho com Lucy. Entretanto, suas preocupações com a segurança de todos também aumentaram, já que seu maior inimigo escapou da prisão com planos de vingança. Por conta disso, o ex-vilão e sua família recebem novas identidades e precisam se adaptar à vida comum nos subúrbios. Mas o enredo gera mais cenas de ação do que de sitcom, graças à transformação dos minions em superminions, numa experiência secreta para ajudar Gru em seu novo desafio. Para os adultos, o melhor seria outra opção, mas as crianças ganham novas opções de bonecos de minions para pedir aos pais.

O estúdio Illumination continua à frente da produção e também confirmou o retorno de todo o elenco de vozes originais, que inclui Steve Carell como Gru, Kristen Wiig como Lucy, Miranda Cosgrove como a pequena Margo e o diretor Pierre Coffin como os vários Minions. Coffin, porém, não comanda o novo filme. A função cabe a seu parceiro nos dois primeiros longas, Chris Renaud, que retorna para a quarta parte com o codiretor Patrick Delage, estreante na função, mas animador principal dos longas iniciais de Gru.

O roteiro, por sua vez, foi escrito por Mike White, que chega na franquia após lançar com muito sucesso a série “The White Lotus” na HBO Max. Ele também escreveu a popular Sessão da Tarde “Escola de Rock”, além de “Patos!”, novo longa animado do estúdio, que acaba de chegar ao streaming. As novidades do elenco de dublagem incluem Will Ferrell (“Barbie”) como o vilão Maxine le Mal e Sofia Vergara (“Griselda”) como sua namorada femme fatale Valentina.

No Brasil, Gru e Lucy seguem sendo dublados por Leandro Hassum e Maria Clara Gueiros.

 

ENTREVISTA COM O DEMÔNIO

 

O terror sensação do ano, com 97% de aprovação no Rotten Tomatoes, se passa num estúdio de TV, durante a gravação de um “late show” fictício americano do final dos anos 1970. A recriação detalhista tem clima documental, replicando o estilo de produção dos programas televisivos da época, mas logo a ficção toma conta, num clima aterrador. O enredo se passa durante um episódio de Halloween de 1977, quando o apresentador Jack Delroy, interpretado por David Dastmalchian (“Homem-Formiga e a Vespa”), tenta reviver sua audiência em crise, prometendo realizar uma entrevista com o demônio. Ele traz uma menina possuída, Lilly, para participar do programa.

Só que a tentativa de entrevistar o diabo ao vivo dá terrivelmente errada, liberando forças malignas no estúdio e causando uma série de eventos assustadores e mortais. A tensão aumenta conforme Jack e sua equipe enfrentam as consequências desse experimento paranormal, resultando em um espetáculo de caos e possessão transmitido sem cortes para todo o país.

A produção independente dos irmãos australianos Cameron e Colin Cairnes (“100 Bloody Acres”) não foi aclamado apenas pela crítica, mas também por personalidades do gênero, como Stephen King, o que ajudou a transformá-lo num filme cultuado.

 

AINDA TEMOS O AMANHÃ

 

A comédia dramática foi um dos maiores sucessos de público e crítica na Itália em 2023. Dirigido e estrelado pela atriz Paola Cortellesi (“Maravilhoso Boccaccio”), o filme recebeu aclamação por sua abordagem sensível e equilibrada de temas complexos como a opressão feminina e a violência doméstica. A história se passa na Itália dos anos 1940 e retrata a vida de Delia (Cortellesi), uma mulher que enfrenta um casamento abusivo e começa a perceber que sua filha Marcella pode acabar em uma situação similar – se casar com Giulio, um homem violento.

Na tentativa de mudar o destino da filha, Delia destrói o bar de Giulio para arruinar financeiramente a família do pretendente e forçá-los a deixar a cidade. Paralelamente, ela também planeja fugir com Nino, seu amante, mas enfrenta vários obstáculos ao longo do caminho.

Fenômeno de bilheteria local, “Ainda Temos o Amanhã” foi consagrado com nada menos que 18 indicações ao David Donatello (o Oscar italiano), vencendo seis troféus, incluindo Melhor Atriz, Direção, Roteiro e o Prêmio do Público, todos conquistados por Cortellesi, em seu primeiro filme como diretora.

 

A FLOR DO BURITI

 

O filme luso-brasileiro recebeu o prêmio de melhor equipe (prix d’ensemble) da mostra Um Certo Olhar, do Festival de Cannes deste ano. O prêmio é raro. Em toda a história da mostra, o Prix d’ensemble foi concedido em apenas outras duas edições: em 2014, para “Party Girl”, e em 2021, para “A Boa Mãe”, ambas produções francesas.

“A Flor do Buriti” é dirigido pelo casal Renée Nader Messora e João Salaviza, que venceram o Prêmio Especial do Júri da mesma mostra em 2018 com o filme “A Chuva é Cantoria na Aldeia dos Mortos” (2018). Os dois filmes foram desenvolvidos em parceria com os krahôs, povo indígena de Tocantins que emprestou seus integrantes e idioma para a obra. A narrativa mostra como eles veem o mundo e revela os últimos 80 anos de sua história. São expostos desde um massacre de que foram vítimas em 1940 até os acontecimentos do governo Bolsonaro. A violência histórica contra os indígenas e suas formas de resistência são temas centrais da obra, que busca ecoar a relevância dessas questões no Brasil.

 

ESPUMAS AO VENTO

 

O diretor Taciano Valério (“Pingo D’água”), natural de Caruaru, Pernambuco, leva para as telas uma reflexão sobre a hierarquia religiosa e o impacto do coronelismo no sertão nordestino. A trama esboça um embate entre arte e religião, contraponto uma trupe de artistas mamulengos, dedicada ao teatro de bonecos, e o pastor Damiro, interpretado por Tavinho Teixeira (“O Clube dos Canibais”), que busca expandir seu “reino divino” utilizando a fé como ferramenta de controle. Mas é difícil mergulhar na história, graças a uma montagem “alternativa”, que não segue os padrões tradicionais de cinema e deixa a trama sem rumo.

Exibido no Festival de Brasília, a obra chegou a ser elogiada por sua cinematografia e pelas histórias de personagens muitas vezes marginalizados pela grande mídia.

 

ORLANDO, MINHA BIOGRAFIA POLÍTICA

 

O primeiro filme do escritor e filósofo espanhol Paul B. Preciado reinterpreta o livro “Orlando: Uma Biografia” de Virginia Woolf para explorar questões de gênero, identidade e transformação ao longo dos séculos, refletindo sobre a vida e experiências de pessoas transgênero. Usando abordagem documental, a produção reúne 25 pessoas trans e não-binárias, que narram suas próprias vidas enquanto interpretam o personagem Orlando – que na obra de Woolf troca de sexo, além de viver mais de 300 anos sem envelhecer. O longa também apresenta imagens de arquivo de pessoas trans do século 20 para traçar um paralelo com a luta contemporânea por reconhecimento e visibilidade​​.

A obra foi premiada no Festival de Berlim e aclamada pela crítica, destacando-se por sua inventividade e abordagem disruptiva, com 92% de aprovação no Rotten Tomatoes.