Graziela Gonçalves, a víuva de Chorão (1970-2013), apoia que os ex-guitarristas do Charlie Brown Jr. possam continuar se apresentando com o nome da banda. Porém, ela propôs que façam um acordo de pagamento de “direitos artísticos” aos herdeiros do vocalista.
“O que Graziela deseja é conversar com os músicos e, juntos, estabelecerem um contrato com o respectivo pagamento de royalties aos herdeiros [Graziela e Alexandre Abrão, filho de Chorão]”, explicou o advogado Maurício Cury, que representa a viúva do artista.
A partilha dos bens de Chorão foi assinado em 2021, oito anos após a morte do artista. No acordo, Graziela e Alexandre dividiram os direitos de faturamentos das músicas e da imagem do cantor, além da marca Charlie Brown Jr, onde ficou acordado que o filho teria 55% dos lucros e a viúva teria 45% das participações.
Em 2022, Alexandre conseguiu registrar a marca da banda no INPI (Instituto Nacional de Propriedade Intelectual). Os ex-guitarristas abriram uma disputa pessoal, recorreram da decisão, mas ainda não conseguiram o direito de usar “Charlie Brown Jr” nos shows. Até então, Graziela não havia se manifestado sobre a questão.
Briga de herdeiros
O novo acordo proposto por Graziela pode ser uma caminho de conciliação dos músicos com Alexandre, já que os herdeiros possuem uma divisão da propriedade da marca. No entanto, eles também enfrentam disputas sobre a gestão e os lucros dos projetos póstumos envolvendo Chorão e a banda.
Graziela acusa o filho de Chorão de esconder os lucros com as marcas ligadas ao pai e a banda para não dividir com ela. Por outro lado, Alexandre afirma que não fez repasses dos ganhos, pois opera no vermelho. A defesa da viúva diz que ela entrou um acordo amigável, principalmente para que eles tenham liberdade para criar novos projetos.
Vai ter acordo?
Os músicos Marcos Britto e Thiago Castanho também afirmam que estão abertos à negociações. “Eles são os únicos que hoje podem executá-las ao vivo, devido ao falecimento dos demais integrantes fundadores. Assim, eles precisam ter resguardados os seus direitos artísticos e profissionais também”, declarou o advogado dos ex-guitarristas, Jorge Roque.
Alexandre Abraão afirmou que “nunca pensou em licenciar a marca para shows” antes, pois sua intenção foi “trabalhar em conjunto” e não “meramente receber os royalties sem participar”. O herdeiro também disse que “nunca se opôs aos músicos tocarem” e que sempre “realizou, idealizou, prestigiou e tentou contar com a participação de todos os músicos” nos eventos.
“Alexandre nunca fechou a porta para comunicação e negociação com os músicos, mas entende que esses assuntos devem ser tratados de forma privada e com muito respeito, sempre visando perpetuar a tão importante e bonita obra deixada por seu pai”, afirmou seu advogado, Reginaldo Lima.