Sylvio Lanna, ícone do cinema marginal brasileiro, morre aos 79 anos

Diretor de "Sagrada Família" deixa legado de inovação e experimentação no cinema nacional

Facebook/Danieli Lima

O cineasta mineiro Sylvio Lanna, conhecido por sua contribuição significativa ao cinema marginal com o filme “Sagrada Família” (1970), faleceu no domingo (12/5) aos 79 anos, em Minas Gerais, sua terra natal. O anúncio de sua morte foi feito por sua filha, Danieli Lima, através das redes sociais. Seu corpo foi cremado no Cemitério do Caju, no Rio de Janeiro, nesta segunda-feira.

Legado de um pioneiro

“Sagrada Família” é considerado um marco na história do cinema brasileiro, simbolizando a contracultura da época ao narrar a decadência de uma família burguesa durante uma viagem, ao longo da qual quatro pessoas vão se desfazendo de seus bens e regredindo à barbárie. O elenco destacava o ator Paulo Cesar Pereio, que também faleceu no domingo.

A obra é reconhecida por seu estilo audacioso e experimental, algo que o cineasta manifestava desde seu primeiro curta, “O Roteiro do Gravador” (1967). Durante a produção de “Sagrada Família”, Lanna também colaborou com Andrea Tonacci em “Bang Bang” (1971). Por conta disso, os dois filmes compartilham semelhanças estilísticas e temáticas, ambas sob a influência do gênero “road movie” marginal.

Retomada da carreira

A repressão da ditadura militar e falta de apelo comercial no cinema marginal deixou Lanna sem filmar por meio século. Ele só retomou a carreira recentemente, ao realizar um documentário sobre a busca pela possível última cópia sobrevivente de “O Roteiro do Gravador” na Cinemateca do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. No filme “In Memoriam: O Roteiro do Gravador” (2017), o diretor ainda explorou temas como memória e renascimento.

Nos últimos anos de sua vida, Lanna continuou a produzir curtas-metragens, refletindo sobre suas memórias e experiências acumuladas nas últimas décadas. Entre essas obras estão “Nova Pasta, Antigo Baú” (2020) e “Forofina, Um Filme a Ser Feito” (2020), este último sobre um projeto inacabado que dialoga com a natureza muitas vezes efêmera da criação artística.

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