O feriado desta quarta (1/5) antecipou as principais estreias de cinema da semana, que já podem ser conferidas em circuito amplo. Os destaques são a comédia de ação “O Dublê”, com Ryan Gosling (“Barbie”), e o longa animado de Gafield, mas a programação também traz a comédia brasileira “Férias Trocadas”, o violento drama indie “Loves Lies Bleeding” e várias outras opções. Confira a lista.
O DUBLÊ
A comédia de ação baseada na série clássica “Duro na Queda” (The Fall Guy) traz Ryan Gosling (“Barbie”) no papel interpretado por Lee Majors durante cinco temporadas televisivas, entre 1981 e 1986. Na atração, o personagem Colt Seavers era um dublê de Hollywood que nas horas de folga atuava como caçador de recompensas.
O filme apresenta uma nova premissa para contar uma história de origem, com Seavers atuando como um dublê de Hollywood e envolvido numa relação de amor e ódio com a diretora de seu novo trabalho. Quando a produção enfrenta um revés, ele se vê pressionado a ir atrás do astro principal que simplesmente sumiu. Só que o encontra morto num quarto de hotel e acaba perseguido a tiros por uma gangue perigosa, precisando usar suas habilidades profissionais para se safar.
Emily Blunt (“Oppenheimer”) vive a diretora, que compartilha um passado romântico com o dublê, e o elenco também inclui Aaron Taylor-Johnson (“Trem-Bala”), Winston Duke (“Pantera Negra”), Stephanie Hsu (“Maravilhosa Sra. Maisel”), Hannah Waddingham (“Ted Lasso”), Teresa Palmer (“A Descoberta das Bruxas”) e até conta com participação especial de Lee Majors, o astro da série original.
O roteiro foi escrito por Drew Pearce e a direção é de David Leitch, que trabalharam juntos no sucesso “Velozes e Furiosos: Hobbs & Shaw”. E sempre vale lembrar que, antes de se consagrar como diretor em “John Wick” e “Deadpool 2”, Leitch era justamente um dublê de Hollywood.
GARFIELD – FORA DE CASA
A nova animação do famoso personagem de quadrinhos criado por Jim Davis conta a história de “origem” de Garfield e seu encontro com o pai há muito perdido. A história é uma aventura inédita do gato que odeia segundas-feiras e ama lasanha, que afasta o protagonista e seu amigo canino Odie de seu conhecido cotidiano mimado. O encontro com o pai distante de Garfield coloca a dupla numa jornada arriscada no mundo das ruas, que inclui até fugir de um sequestro.
Escrito por David Reynolds (“Procurando Nemo”) e dirigido por Mark Dindal (“O Galinho Chicken Little”), o desenho traz Chris Pratt (“Guardiões da Galáxia”) na dublagem de Garfield e Samuel L. Jackson (“Capitã Marvel”) como Vic, seu pai perdido, além das vozes de Hannah Waddingham (“Ted Lasso”), Ving Rhames (“Missão: Impossível”), Nicholas Hoult (“X-Men: Fênix Negra”), Cecily Strong (“Schmigadoon!”), Brett Goldstein (“Ted Lasso”) e Bowen Yang (“Saturday Night Live”) em sua versão legendada.
LOVE LIES BLEEDING – O AMOR SANGRA
O noir romântico em que Kristen Stewart (“Spencer”) se apaixona por uma fisiculturista e declara guerra ao pai gângster tem nada menos que 93% de aprovação no Rotten Tomatoes e uma seita de críticos devotos. A atriz vive Lou, gerente de uma academia de musculação, que se apaixona por Jackie, uma fisiculturista recém-chegada, que está passando pela cidade a caminho de Las Vegas atrás de seu sonho de competir profissionalmente. O problema é que Jackie, em busca de dinheiro, resolve trabalhar para o pai de Lou, um gângster brutal, o que leva a conflitos e confrontos sangrentos. Com Jackie agora presa na teia de sua família criminosa, a personagem de Kristen resolve lutar – e se armar – por sua paixão.
“Love Lies Bleeding” é o segundo longa-metragem da cineasta inglesa Rose Glass, que estreou com o premiado terror “Saint Maud” em 2019. O elenco também destaca Katy O’Brian (“Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania”) como Jackie, Ed Harris (“Westworld”) como o pai gângster, além de Dave Franco (“Dupla Jornada”), Jena Malone (“Jogos Vorazes: Em Chamas”) e Anna Baryshnikov (filha do renomado bailarino Mikhail Baryshnikov).
A produção independente teve uma première elogiadíssima no Festival de Sundance em janeiro, foi selecionado para o Festival de Berlim e já é considerado um dos maiores cults da década.
FÉRIAS TROCADAS
Depois de uma década longe do cinema, o veterano cineasta Bruno Barreto (“Dona Flor e seus Dois Maridos”) volta com uma comédia popular sobre troca de casais. Mas não no sentido picante. A história é uma farsa que gira em torno da confusão entre duas pessoas com o mesmo nome. O José Eduardo Santos pobre, conhecido como Zé, ganhou uma viagem econômica para a família em Cartagena, na Colômbia, mesmo destino marcado pelo José Eduardo Santos rico, conhecido como Edu, e sua família. A confusão acontece quando Zé identifica seu nome numa placa de recepção e vai parar no hotel do milionário, surpreendendo a família. Enquanto isso, Edu se vê nas férias econômicas e exotéricas do outro, também deixando a família surpresa, mas estranhamente entusiasmada.
Só que não é à toda que todos se confundem nessa história: o mesmo ator, Edmilson Filho (“Cine Holiúdy”), interpreta os dois protagonistas. Já esposas e filhos são vividos por Aline Campos (“Os Farofeiros 2”), Carol Castro (“Maldivas”), Klara Castanho (Boa Dia, Verônica”) e Matheus Costa (“Desapega”).
TRANSE
O drama brasileiro sobre um relacionamento a três foi dirigido a duas, por Carolina Jabor e Anne Pinheiro Guimarães, e convida o público a mergulhar em um turbilhão de amor livre e tensões políticas, em meio à atmosfera polarizante das eleições presidenciais de 2018. A trama acompanha Luisa (Luisa Arraes), uma jovem atriz que vive com seu namorado músico, Ravel (Ravel Andrade). A vida do casal toma um rumo inesperado com a chegada de Johnny (Johnny Massaro), um espírito livre que os envolve em um relacionamento tríplice pautado pela liberdade e pelo amor.
Enquanto os sonhadores exploram os laços da relação, o pano de fundo da história é marcado pelas acaloradas eleições presidenciais de 2018. A ascensão de um candidato de extrema-direita gera um clima de apreensão e incerteza, impactando diretamente a vida dos personagens e os força a confrontar seus próprios valores e crenças.
“Transe” se destaca por sua narrativa híbrida, que combina elementos ficcionais com filmagens documentais de momentos marcantes da época. Com isso, também se torna um registro de manifestações e comícios de rua, tanto a favor quanto contra os principais candidatos à presidência. Essas imagens capturam a atmosfera das eleições e a polarização que se intensificava no país – e que só piorou nos anos seguintes.
A TEIA
O suspense policial traz Russell Crowe (“O Exorcista do Papa”) como um ex-detetive de homicídios que enfrenta perda de memória. Enquanto tenta reconstruir sua vida fragmentada, ele é forçado a revisitar um caso de assassinato brutal do qual participou há uma década, deparando-se com uma complexa rede de segredos e mentiras que podem estar ligados ao seu próprio passado. À medida que a investigação avança, a linha entre passado e presente se torna cada vez mais tênue, e pode colocar sua própria vida em risco.
Além de Russell Crowe, o elenco também inclui Karen Gillan (“Guardiões da Galáxia”) e Marton Csokas (“Into the Badlands”). Todos sustentam o trabalho com dedicação, mas seus esforços se escoam nas mãos de um diretor iniciante, Adam Cooper (roteirista de “Assassin’s Creed”), que dá ao longa uma atmosfera genérica.
CLUBE ZERO
Mia Wasikowska (“Alice no Pais das Maravilhas”) vive Miss Novak, uma professora que consegue um emprego em uma escola de elite e forma um forte vínculo com os alunos. Ela introduz uma aula de nutrição baseada em um conceito inovador, que leva a uma revolução nos hábitos alimentares da escola. No entanto, com o passar do tempo, a influência que Miss Novak exerce sobre certos alunos eventualmente toma um rumo perigoso.
Com métodos pouco ortodoxos, ela introduz um programa alimentar radical, pregando a moderação extrema e a busca por uma “perfeição corporal”. À medida que sua influência cresce, um grupo de alunos forma o Clube Zero, um círculo secreto onde levam as ideias da professora ao extremo, buscando a completa eliminação da fome e a transcendência do corpo físico. A obsessão pelo controle alimentar e a busca por uma estética inalcançável trazem consequências nefastas para os membros do Clube Zero. A saúde física e mental dos alunos se deteriora rapidamente, levando a situações cada vez mais perigosas e perturbadoras.
Em tom de sátira moral, a cineasta austríaca Jessica Hausner (“Little Joe: A Flor da Felicidade”) explora temas contemporâneos e relevantes, como distúrbios alimentares, a influência dos educadores na vida dos adolescentes, a pressão por uma imagem corporal perfeita, a busca por aceitação social, os perigos do fanatismo e a importância do equilíbrio entre corpo e mente. E aborda essas pautas complexas de forma bastante desconfortável. A trilha sonora do músico de vanguarda Markus Binder venceu o prêmio da Academia Europeia de Cinema (o “Oscar europeu”).
HERE
O drama existencialista narra a história de Stefan (Stefan Gota), um trabalhador da construção civil romeno prestes a retornar para casa após um período trabalhando em Bruxelas. Enquanto prepara uma grande sopa de despedida para amigos e familiares, Stefan cruza o caminho de Shuxiu (Liyo Gong), uma estudante de doutorado belga-chinesa especializada em musgos. Esse encontro fortuito cria uma amizade improvável entre pessoas de origens e culturas distintas.
O diretor belga Bas Devos (“Trópico Fantasma”) é conhecido por seu estilo cinematográfico minimalista, único, realista e poético, que utiliza em “Here” para explorar temas de isolamento, conexão e a busca por sentido em um mundo frequentemente indiferente. Stefan, vivendo longe de sua família e prestes a partir, representa o sentimento de deslocamento e a busca por um lar. Shuxiu, por sua vez, imersa em seus estudos científicos, encontra no contato com Stefan uma forma de sair de sua rotina e se conectar com o mundo exterior. A narrativa se desenrola de forma contemplativa, focando nas interações cotidianas entre os personagens e nos pequenos detalhes que revelam seus sentimentos e anseios. Mas apesar da temática aparentemente séria, “Here” também possui momentos de leveza e humor, como a barreira linguística entre os personagens, que gera situações cômicas e constrangedoras.
Venceu a mostra Encontros, seção de obras mais alternativas, no Festival de Berlim de 2023.
CONDUZINDO MADELEINE
O longa francês conta a história de Madeleine, uma senhora de 92 anos que precisa se mudar para uma casa de repouso. Ao invés de aceitar o destino passivamente, ela contrata um taxista desiludido com a vida para levá-la num passeio inusitado por Paris, revelando que deseja revisitar lugares marcantes de sua vida. Conforme passam por esses locais, a idosa vai contando sua história, surpreendendo o taxista com um passado que esconde segredos e reviravoltas.
Dirigido por Christian Carion, de “Meu Filho” (o original de 2017 e o remake americano de 2021), o drama destaca a renomada atriz francesa Line Renaud no papel de Madeleine e Dany Boon como Charles, o taxista. Curiosamente, os dois já viveram papéis de mãe e filho na comédia “A Riviera Não é Aqui” (2008).
VERÍSSIMO
Um documentário sobre o escritor Luis Fernando Veríssimo diante da chegada dos seus 80 anos. A direção é de Angelo Defanti (“O Clube dos Anjos”).
GUADALUPE – MÃE DA HUMANIDADE
Voltado aos quase 500 anos da primeira aparição da Virgem de Guadalupe, o documentário religioso cataloga as diversas histórias de milagres relacionadas à padroeira da América Latina, cuja basílica é o santuário católico mais visitado do mundo. O diretor espanhol Andrés Garrigó é especialista nesse tipo de filme, tendo realizado antes o similar “Fátima, O Último Mistério” (2017), além de dramatizações de biografias católicas.
THE CHOSEN – OS ESCOLHIDOS (4ª TEMPORADA – EPISÓDIOS 3 E 4)
O lançamento é mais uma compilação de episódios da 4ª temporada de “The Chosen”, série religiosa baseada na vida de Jesus Cristo, que no Brasil é disponibilizada pela Netflix e exibida na TV aberta pelo SBT – mas a transmissão na TV está bem atrasada. A atração ganhou notoriedade ao se tornar o maior projeto financiado coletivamente da história da televisão. Os telespectadores contribuíram financeiramente para a realização da 1ª temporada por meio de uma vaquinha online, mas o sucesso foi tão grande que atraiu as plataformas de streaming e, desde a 3ª temporada, os exibidores de cinema.
Criação, roteiro, produção e direção são de Dallas Jenkins, filho do famoso novelista cristão Jerry B. Jenkins (autor da franquia apocalíptica “Deixados para Trás”). A trama acompanha a vida de Jesus Cristo, interpretado por Jonathan Roumie, focando na perspectiva dos 12 discípulos que continuaram seu legado. Os episódios exploram o ponto de vista de figuras bíblicas como Pedro, João, Judas e Tadeu.