O diretor Mohammad Rasoulof compareceu de surpresa ao Festival de Cannes após fugir do Irã, onde foi sentenciado a cinco anos de prisão, confisco de bens e chibatadas.
Fuga dramática
Rasoulof revelou ter deixado o Irã em uma jornada “exaustiva” e “perigosa” rumo a um local secreto na Europa. Ele descreveu sua fuga do Irã como uma viagem clandestina e a pé, marcada por perigos e exaustão. “Todos os iranianos que tiveram que partir devido a este regime totalitário têm sempre uma mala perto de si na esperança de que as coisas melhorem e possam retornar”, declarou.
No comunicado, ele afirmou se opor “fortemente contra a recente e injusta decisão que me forçou ao exílio”. Segundo o cineasta, sua equipe continua a ser interrogada e intimidada pelas autoridades iranianas.
Acusações e filme concorrente
Oficialmente, o Irã afirma que Rasoulof cometeu crimes contra a “segurança nacional” por produzir filmes sem autorização. O cineasta concorre à Palma de Ouro com o filme “The Seed Of The Sacred Fig” (A Semente do Figo Sagrado, em tradução livre). A estreia do longa está agendada para esta sexta-feira (24/5).
Histórico no festival
A última passagem de Rasoulof pelo festival francês foi em 2017, quando venceu a mostra Um Certo Olhar (Un Certain Regard) com o filme “Lerd”. Em 2020, ele não foi autorizado a deixar o Irã para receber o Urso de Ouro em Berlim por “Não Há Mal Algum”. Este ano, ele concorre contra 21 outras produções, incluindo “Motel Destino”, do diretor cearense Karim Aïnouz.
Seu novo filme, “The Seed Of The Sacred Fig”, conta a história de um juiz iraniano que, durante os protestos em Teerã, fica paranoico e desconfia da própria esposa e filhas. As gravações ocorreram em segredo para preservar a identidade dos atores.