A atriz Barbara Rush, conhecida por suas atuações em melodramas dos anos 1950, faleceu no domingo (31/3) aos 97 anos em Beverly Hills, Califórnia. A atriz também era querida pelos fãs de ficção científica por seu trabalho em clássicos do gênero.
Ela nasceu em Denver em 4 de janeiro de 1927. A família se mudou para Santa Barbara, na Califórnia, onde ela e seu pai trabalharam como recepcionistas no Teatro Lobero. Após se formar na Universidade da Califórnia, Rush ganhou uma bolsa de estudos para a Pasadena Playhouse e foi notada por um olheiro. A Paramount Pictures a contratou em 1950 e no mesmo ano ela se casou com o ator Jeffrey Hunter (“Rastros de Ódio”).
Um começo de outro mundo
Rush fez sua estreia no cinema em 1950 no filme “The Goldbergs”, baseado numa popular série de rádio. Mas seu primeiro papel principal para a Paramount veio na sci-fi interplanetária “O Fim do Mundo” (1951), onde interpretou a filha de um astrônomo apaixonada por um piloto.
Em seguida, ela fez outro clássico do gênero, “Veio do Espaço” (1953), filmado em 3D, onde viveu a mocinha e sua duplicata alienígena. E foi premiada com um Globo de Ouro como a atriz mais promissora de 1954 por sua atuação nesse filme.
O sucesso entre lágrimas
Apesar desse começo de outro mundo, a atriz acabou se firmando num gênero muito diferente: os melodramas lacrimosos, marcados por tragédias. A guinada aconteceu após uma parceria com um dos maiores mestres do gênero, o cineasta Douglas Sirk, com quem firmou sua imagem de elegância e demonstrou a profundidade emocional com que ficou conhecida em Hollywood.
Entre 1954 e 1955, ela fez três filmes do diretor ao lado do ator Rock Hudson, mas dois deles foram experiências incomuns de Sirk. Em “Herança Sagrada”, Rush e Hudson interpretaram nativos americanos num raro western do cineasta – que deu ao filme um tom irônico – , enquanto “Sangue Rebelde” foi um romance de aventura passado na Irlanda do século 19. Entretanto, “Sublime Obsessão” marcou a grande guinada na carreira da atriz. No filme de 1954, ela interpretou a adorável irmã da personagem de Jane Wyman, que fica cega em um acidente causado por um playboy imprudente (Hudson).
Após sua colaboração com Sirk, Rush teve a oportunidade de se especializar em melodramas, trabalhando em clássicos de grandes cineastas. Em “Delírio de Loucura” (1956), dirigido por Nicholas Ray, Rush interpretou a esposa atormentada de James Mason, cuja vida se desfaz quando ele se torna viciado em remédios controlados. Em “A Mulher do Próximo” (1957), dirigido por Martin Ritt, ela atuou com o (já ex) marido Jeffrey Hunter numa história de quatro casais que dividem um condomínio na Califórnia e enfrentam problemas como alcoolismo, racismo e promiscuidade. Em “O Moço de Filadélfia” (1959), de Martin Sherman, a atriz se destacou no papel de uma socialite desapontada com seu noivado com o advogado intenso, vivido por Paul Newman. Em “O Nono Mandamento” (1960), de Richard Quine, foi a esposa desesperada cujo marido (Kirk Douglas) está tendo um caso com a vizinha (Kim Novak).
A turma de Sinatra
Seu ciclo em Hollywood também incluiu uma entrada no clube exclusivo da rat pack, a turma de atores liderada por Frank Sinatra. Ela atuou com o membro Dean Martin no drama de guerra “Os Deuses Vencidos” (1958) e depois com o próprio Sinatra em “O Bem Amado” (1963), antes de se juntar à turma toda (que também incluía o cantor Sammy Davis Jr.) em “Robin Hood de Chicago” (1964). Mas as filmagens desse último filme – uma comédia musical – foram marcadas por mais tragédias que os filmes de melodrama que popularizaram a atriz, tendo sido interrompidas duas vezes: quando o presidente John Kennedy foi assassinado e quando o filho de Sinatra foi sequestrado.
A experiência traumática desse filme também marcou sua despedida dos cinemas.
A era televisiva
A atriz se tornou uma figura familiar na televisão a partir do final dos anos 1960, aparecendo em programas populares como “Mod Squad”, “O Fugitivo” e até “Batman”, onde interpretou a vilã Nora Clavicle, uma ativista dos direitos das mulheres com intenções malignas. Seu papel mais significativo do período foi como Marsha Russell, uma mãe divorciada, nas duas últimas temporadas do melodrama televisivo “A Caldeira do Diabo” (Peyton Place), entre 1968 e 1969.
Depois disso, Rush gravou dezenas de telefilmes e aparições especiais em séries, mas só voltou a ter participações maiores em três produções: no romance “Flamingo Road” (entre 1980 e 1982), na novela “All My Children” (entre 1992 e 1994) e no drama edificante “Sétimo Céu (entre 1997 e 2007), seu último trabalho.