Choquei é investigada por indução ao suicídio de Jéssica Vitória Canedo

O perfil Choquei está sendo investigado pela Polícia Civil de Minas Gerais devido à morte da Jéssica Vitória Canedo, que tirou a própria vida após ser vítima de uma fake news sobre […]

Instagram/Jessica Vitoria Canedo

O perfil Choquei está sendo investigado pela Polícia Civil de Minas Gerais devido à morte da Jéssica Vitória Canedo, que tirou a própria vida após ser vítima de uma fake news sobre um possível relacionamento amoroso com o influenciador Whindersson Nunes. De acordo com o delegado Felipe Monteiro, responsável pelo inquérito, foi solicitada a quebra de sigilo das páginas do veículo nas redes sociais.

A tentativa de enquadramento é por suspeita de indução ao suicídio. Outras páginas que compartilharam a notícia falsa também estão sendo investigadas.

“Para dar prosseguimento à investigação, que avalia o crime doloso de indução ao suicídio, estamos aguardando a aprovação do pedido de quebra de sigilo das contas das contas do veículo nas redes sociais. Também estamos avaliando quem serão as próximas pessoas interrogadas”, afirmou o delegado ao jornal O Globo.

 

O que fez a Choquei

O texto original da Choquei citava o perfil Garoto do Blog com fonte da notícia. “Veja: o perfil Garoto do Blog no Instagram divulgou prints de uma conversa do humorista Whindersson Nunes com uma mulher de Minas Gerais. A garota teria enviado os prints para uma amiga, que divulgou nas redes sociais”. Além desse texto foram publicadas fotos de Whindersson e dois prints de mensagens do Whatsapp, que eram falsos.

Em outra postagem com mais dois prints, a Choquei ainda afirmou: “Na sequência, o humorista estaria disposto a pagar para a moça encontrá-lo para ‘distrair a cabeça'”.

Não há uma indução literal a suicídio nos textos, que não citam o nome de Jéssica (ela foi “descoberta” por outros perfis), mas a notícia falsa fez com que a jovem passasse a ser assediada, sofrendo bullying virtual. Diagnosticada com depressão, ela não aguentou e tirou a própria vida.

O caso ampliou a discussão em torno da transformação de fake news em crime, porém há quem argumente que as leis atuais podem punir os responsáveis. A abertura do inquérito servirá para comprovar se é possível responsabilizar fake news por suicídio.

 

Processo da família de Jéssica

Além desse enquadramento, a família de Jéssica teria “interesse em instaurar um inquérito por crime contra a honra”, segundo o delegado Monteiro. Crimes da espera privada só podem ser abertos pela família ou a própria vítima, mas até o momento não houve “uma ação efetiva dos familiares”, confirmou o policial.

Ao Globo, o advogado da família confirmou que eles colhem provas para enquadrar a conduta da página em outros crimes na justiça, além do que está sendo investigado no atual inquérito.

No caso, haveria tentativa de enquadrar a postagem num dos três crimes previstos de ofensa à honra: Calúnia (mentir sobre cometimento de crime), Difamação (ofender a reputação) e Injúria (desqualificar e atingir honra e moral). Não houve relato falso de cometimento de crime e sim de um suposto affair, o que já eliminaria calúnia. A acusação buscaria, portanto, provar que a exposição dos prints falsos seria difamação e/ou injúria. O enquadramento é possível, mas mais difícil de ser comprovado sem que fake news seja considerado crime.

 

Evolução do inquérito

Na quinta-feira (28/12), Raphael Souza, dono da Choquei, deu depoimento à polícia. Num texto publicado nas redes sociais, a Choquei afirmou que ele “apresentou fatos e documentos que contribuem para elucidar o episódio e dar a real dimensão do papel da Choquei no caso”.

Outros veículos, que também publicaram a notícia falsa de que Jessica teria um relacionamento amoroso com o influenciador Whindersson Nunes, estão sendo convidados pela Polícia Civil a dar depoimento.