Maior agência de J-pop enfrenta escândalo de abuso sexual de boy bands

Julie Fujishima, a chefe da poderosa agência de talentos japonesa Johnny and Associates, pediu demissão na quinta-feira (7/9) depois de reconhecer os casos de abusos sexuais cometidos pelo fundador já falecido da […]

Instagram/SixTONES

Julie Fujishima, a chefe da poderosa agência de talentos japonesa Johnny and Associates, pediu demissão na quinta-feira (7/9) depois de reconhecer os casos de abusos sexuais cometidos pelo fundador já falecido da empresa. A presidente emitiu um pedido público de desculpas às vítimas de seu tio, Johnny Kitagawa.

“Tanto a agência quanto eu, como pessoa, reconhecemos que ocorreram abusos sexuais por parte de Johnny Kitagawa”, declarou a ex-presidente pela primeira vez. “Peço desculpas às suas vítimas do fundo do meu coração.”

A demissão veio à tona uma semana depois das investigações contra Kitagawa, que negou qualquer irregularidade antes de morrer em 2019. O fundador teria abusado de centenas de meninos e homens jovens ao longo de seis décadas como presidente da agência de boy bands. Ele nunca enfrentou acusações legais.

Kitagawa era considerado uma das figuras mais influentes da indústria do entretenimento japonesa, e foi responsável pelo lançamento de muitos artistas do J-pop, a música pop japonesa, ao longo dos anos. Apesar dos rumores sobre os abusos, o magnata nunca enfrentou processos criminais e continuou recrutando adolescente até sua morte aos 87 anos.

No entanto, várias vítimas declaram no documentário britânico “Predator, The Secret Scandal of J-Pop” que achavam que suas carreiras seriam prejudicadas se não cumprissem as exigências sexuais do ex-presidente.

A ex-chefe nomeou Noriyuki Higashiyama, um nome familiar da televisão no Japão, como seu sucessor na agência de talentos. O homem de 56 anos foi um dos primeiros talentos recrutados pela empresa, porém não foi uma das vítimas de abuso. Ele estava ciente dos rumores: “Eu não pude e não fiz nada a respeito”, admitiu.

 

Passou pano?

Embora algumas das alegações de abuso sexual tenham sido provadas no tribunal civil, Kitagawa processou seus acusadores por difamação com sucesso em pelo menos uma ocasião. O fundador ainda teve as notícias do escândalo “abafadas” pela grande mídia.

Em março deste ano, os relatos exibidos no documentário da BBC geraram discussões no Japão, o que resultou no início de uma investigação completa. Milhares de fãs de J-pop também assinaram uma petição pressionando por novas informações sobre a agência.

 

Denúncias

As alegações das vítimas mostram um padrão de exploração de Kitagawa, que abusava dos jovens em casas luxuosas com a presença de outros rapazes. A cobertura da BBC também encorajou novas denúncias, como o ex-astro nipo-brasileiro Kauan Okamoto, que teria sido assediado durante quatro anos pelo fundador.

Na semana passada, um relatório descobriu que o ex-presidente começou os crimes na década de 1950, passando pela criação da agência de talentos, até a década de 2010. A investigação também descobriu que a gestão familiar permitiu que os casos de abuso sexual prosseguissem, inclusive sob supervisão da sobrinha, Julie Fujishima.

A agência Johnny and Associates é responsável pela carreira de bandas como SixTones, Hey! Say! JUMP, Snow Man e Travis Japan.

Não está claro se os artistas continuarão com a empresa, que cogita uma troca de nome futuramente.