Documentário da Turma do Balão Mágico capricha nas polêmicas. Conheça as principais

A série documental “A Superfantástica História do Balão”, lançada nesta quarta-feira (12/7) na Star+, traz à tona histórias nunca antes contadas sobre a popular banda infantil Turma do Balão Mágico, que foi […]

Divulgação/Som Livre

A série documental “A Superfantástica História do Balão”, lançada nesta quarta-feira (12/7) na Star+, traz à tona histórias nunca antes contadas sobre a popular banda infantil Turma do Balão Mágico, que foi um fenômeno nos anos 1980. Quatro décadas após seu sucesso estrondoso, os membros originais do grupo, Simony, Tob, Mike e Jairzinho se reuniram em um reencontro que escancara suas diferenças e os efeitos colaterais da fama precoce. São três episódios, que trazem à tona memórias de momentos fofos e outros tantos desconfortáveis.

 
Desabafos polêmicos

Logo na abertura do primeiro episódio, Mike, conhecido por ser filho de Ronald Biggs, cúmplice de um famoso roubo na Inglaterra, traz declarações surpreendentes. “Sempre tem aquele que é o dedo do meio”, ele diz. E em seguida confessa que tinha inveja de Tob e Simony, os integrantes originais do grupo. “Sentia inveja da potência vocal. Queria ser um cantor tão bom quanto eles”, recorda ele. Tob, por sua vez, afirma que nunca percebeu tal inveja, pois sempre havia um ambiente descontraído durante suas apresentações.

A série documental também revela conflitos internos e diferenças financeiras entre os integrantes da banda. Tob e Mike mencionam a contratação de parentes de Simony para a equipe técnica e a percepção de que a divisão do dinheiro não era equitativa. Tob chega a alegar que “não ganhavam o mesmo” que Simony.

A cantora, no entanto, se mantém na defensiva, talvez na tentativa de preservar a “memória afetiva” da banda. Já sua mãe, Maricleuza Benelli, aparece desmentindo as acusações de que teria abocanhado a maior parte dos lucros do conjunto musical.

Mas Mike rebate: “Rolou muita grana, roubou-se muito dinheiro na mão de muita gente, e foi-se criando um clima, a coisa tomou uma dimensão assustadora”.

 
Traumas

Entre os vários momentos de destaque na série, um dos mais dramáticos é a lembrança de Tob de um incidente com o personagem Fofão, interpretado por Orival Pessini. Durante uma gravação, após repetidas falhas de Tob, Pessini ficou irritado, arrancou a máscara de Fofão e saiu berrando do estúdio. O acontecimento causou um trauma profundo no jovem, que lamentou o episódio e desejou que Pessini, falecido em 2016, tivesse sido mais paciente. “Eu era só uma criança”.

A série documental também traz à luz temas delicados como bullying, trabalho infantil e disputas internas. Simony, por exemplo, compartilha o desconforto das constantes mudanças de escola. Mike, por outro lado, se recorda de ser alvo constante de bullying. “Virei o viadinho do Balão”, diz ele, que também surpreende ao revelar que perdeu a virgindade e fumou “o legal e o ilegal” com 11 anos.

No segundo episódio, os músicos discutem sobre as mudanças significativas na estrutura do Balão em 1985, com as alterações de formação e a ameaça do surgimento de Xuxa.

Tob, demitido do grupo em 1985 por estar mais crescido que os demais, passou por uma despedida prolongada de seis meses durante os shows de fim de semana, uma fase difícil tanto para ele quanto para os outros membros. Seu substituto, Ricardinho, não recebeu a mesma aceitação do público e logo desapareceu dos holofotes. Sua apresentação no programa da TV Globo da época é brevemente mostrada no documentário, porém, com seu rosto ocultado. A produção acabou logo em seguida.

 
A suposta rixa com Xuxa

Além do ex-integrante, outras ausências são sentidas, como Roberto Carlos, que gravou “É Tão Lindo” com o Balão Mágico, e principalmente Xuxa, que ao chegar nas manhãs da Globo em 1986 com sua nave espacial tirou o Balão do ar. Por coincidência, ela também está ganhando uma série documental nesta semana.

Em entrevista ao Extra, a diretora Tatiana Issa (também de “Pacto Brutal: O Assassinato de Daniella Perez”) alegou que a rainha dos baixinhos só não participou da produção por conflito de agenda. “Ela tem muito carinho pela turma do Balão, e esse sentimento é recíproco. Muita gente acha que existiu briga, rixa, que nada! Eram apenas pessoas que estavam vivendo o auge de suas carreiras em momentos paralelos e, em certa altura, se cruzaram. Não existe nada de polêmico aí. O Balão já tinha cumprido seu ciclo na TV, continuou na música, e Xuxa veio da TV Manchete assinando com caneta de ouro a programação infantil daquela década”, afirmou Tatiana.

 
O legado de Jairzinho

Um dos momentos mais emocionantes ficou por conta da participação do ator Lázaro Ramos. Em um dos episódios, ele destaca o quão significativo foi o papel de Jairzinho na sua formação como artista. Desde jovem, Lázaro nutria um grande fascínio pela Turma do Balão Mágico e se identificava muito com Jairzinho, por se ver representado na televisão. O jovem Lázaro percebia que a presença de Jairzinho naquele contexto, além de ser uma alegria contagiante para todos, era um símbolo de representatividade negra na mídia infantil da época. “Existia uma identificação visual. Por ser um dos poucos negros no universo televisivo infantil, Jairzinho parecia mais próximo de mim”, disse o ator, que a partir daí foi capaz de sonhar mais alto, percebendo que o estrelato e o sucesso no mundo das artes não eram exclusivos a indivíduos de uma única cor.

Também ao Extra, Jairzinho refletiu sobre essa representatividade. “Na época, eu não sentia essa responsabilidade. Meu pai, Jair Rodrigues, já era um sucesso, e eu tinha esse modelo de representatividade dentro de casa. Passei a ter noção da minha importância anos depois, quando adultos me relataram que em suas infâncias eu era o espelho deles. Uma moça preta, de periferia, chamada Viviane, me fez chorar ao mandar um relato pelo Facebook dizendo que venceu na vida porque me via na TV e passou a acreditar que também poderia ser notada”, conta o cantor, que hoje tem uma carreira musical solo consolidada.

 
O declínio

Além da saída de Toby não ser bem aceita pelos fãs, a mudança de empresário, feita pela mãe de Simony, transformou as crianças, segundo o documentário, em máquinas de caça-níqueis. E isto chamou atenção até na família de Jairzinho, com conhecimento na área musical. Se impressionaram com o excesso de trabalho imposto ao menino. “Hoje, como mãe e com consciência, penso como é cruel com essa criançada. É muito cruel!”, disse a cantora Luciana Mello, irmã de Jair.

Acabou saturando. E, com os integrantes crescendo rapidamente, o grupo teve seu programa de TV substituído pelo “Xou da Xuxa” em 1986.

“A Superfantástica História do Balão” escancara todos os bastidores do grupo infantil, expondo uma realidade menos alegre que a vista na época. Ao mesmo tempo, traz depoimentos de fãs famosos, que confirmam o impacto duradouro que o Balão Mágico teve na cultura pop brasileira.