Entidades israelitas querem impedir shows de Roger Waters no Brasil

Os novos shows brasileiros do cantor inglês Roger Waters, fundador da banda de rock Pink Floyd, viraram polêmica meses antes da estreia. O cantor, que anunciou recentemente sua turnê de despedida, “This […]

YouTube/Roger Waters

Os novos shows brasileiros do cantor inglês Roger Waters, fundador da banda de rock Pink Floyd, viraram polêmica meses antes da estreia. O cantor, que anunciou recentemente sua turnê de despedida, “This is Not a Drill”, passará pelo Brasil entre outubro e novembro de 2023. Entretanto, há pedidos na Justiça para que os shows sejam cancelados.

O Instituto Memorial do Holocausto e a Confederação Israelita do Brasil (CONIB), por meio do advogado Ary Bergher, solicitaram ao Ministério da Justiça, uma semana após o anúncio da turnê, que Waters fosse impedido de entrar no país e de se apresentar. Segundo Bergher, o músico pratica condutas e faz declarações nitidamente antissemitas, com uma série de episódios destacados pelo advogado como exemplos.

Essas alegações surgem em meio a uma polêmica recente envolvendo Waters. Durante um show da atual turnê em Berlim, o cantor usou um uniforme de estilo nazista, o que levou à abertura de uma investigação pela polícia local. Apesar disso, Waters defende que o figurino simboliza sua oposição ao fascismo e à intolerância.

A repercussão do caso no Brasil levou o ministro Flávio Dino a esclarecer em suas redes sociais que não haveria censura prévia aos shows de Roger Waters. Porém, ele frisou que é crime fazer apologia ao nazismo no país e que essas normas se aplicam a todos. Dino afirmou que, caso Waters desembarque no Brasil, as polícias Federal e Civil devem monitorar as apresentações do artista e agir se ele usar o mesmo figurino controverso.

O uniforme polêmico

O figurino que está sendo citado como apologia ao nazismo lembra, de fato, os trajes que eram usados pelos oficiais da SS, que tinham a função de proteger o ditador Adolf Hitler e seu partido. Só que todos os fãs de Waters e do Pink Floyd sabem que se trata de uma crítica. É o mesmo traje usado por Bob Geldof no final do filme “The Wall” (1982), quando o cantor Pink (inspirado por Waters) se deixa levar pela influência do fascismo. Baseado no álbum “The Wall”, do Pink Floyd, o visual no filme serve, na verdade, como uma condenação forte do fascismo.

O cantor é notoriamente conhecido por suas críticas a governos que considera totalitários, tendo inclusive prestado homenagem à vereadora brasileira Marielle Franco em um de seus shows anteriores no Brasil.

Entretanto, tem sido criticado por políticos e associações ligadas a Israel por suas posições favoráveis à causa Palestina, que geraram acusações de antissemitismo. Em diversos momentos de sua carreira, e até em aspectos visuais de seus shows, o músico fez críticas às ações de Israel em relação à Palestina, incluindo a comparação da ocupação de terras palestinas com técnicas nazistas de guerra.

Recentemente, ele também causou polêmica por se posicionar a favor da Rússia na guerra contra a Ucrânia.

Turnê de despedida

A turnê “This is Not a Drill” marca a despedida do artista de suas apresentações ao vivo e, apesar das polêmicas e contestações, muitos fãs brasileiros aguardam com expectativa os shows. A turnê vai passar por seis cidades brasileiras entre os meses de outubro e novembro – Brasília, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Curitiba, Belo Horizonte e São Paulo. Serão os últimos shows da carreira do cantor, que pretende se afastar dos palcos após as apresentações na América Latina.

O repertório inclui cerca de 20 clássicos de Roger Waters e do Pink Floyd, como “Us & Them”, “Comfortably Numb”, “Wish You Were Here”, e “Is This The Life We Really Want?”. Waters também apresenta uma nova composição, “The Bar”.

A expectativa é tão grande que alguns shows da turnê estão sendo transmitidos ao vivo em cinemas ao redor do mundo.

Veja abaixo a cena do filme “The Wall”, dirigido por Alan Parker, em que o uniforme polêmico foi introduzido pela primeira vez. A música que acompanha a cena, “In The Flesh”, deixa claro que se trata de uma crítica às imagens de fanatismo exibidas. E é a mesma música cantada por Roger Waters no uniforme polêmico durante a turnê. Confira.