Amigos de Jean-Pierre Léaud pedem ajuda para o ator de clássicos do cinema francês

Jean-Pierre Léaud, ator francês conhecido pelos clássicos “Os Inocentes” (1959) e “A Chinesa” (1967), está enfrentando problemas financeiros e de saúde. A informação foi divulgada por familiares e amigos do artista, que […]

Divulgação/Festival de Lisboa

Jean-Pierre Léaud, ator francês conhecido pelos clássicos “Os Inocentes” (1959) e “A Chinesa” (1967), está enfrentando problemas financeiros e de saúde. A informação foi divulgada por familiares e amigos do artista, que lançaram uma campanha de arrecadação na plataforma Leetchi, afirmando que o ator de 79 anos está passando por um momento difícil.

“Apesar de uma carreira excepcional, Jean-Pierre está atravessando um momento difícil em termos morais, físicos e materiais”, diz a página dedicada ao ator no site. “Seu amigo Serge Toubiana, testemunha dessa preocupante situação, acaba de mobilizar diversos contatos no meio cinematográfico e apelar à generosidade de todos”.

Embora a campanha não forneça detalhes específicos sobre a condição do ator, Toubiana, presidente da Unifrance e ex-diretor da Cinemateca Francesa, revelou à imprensa francesa que Léaud teria enviado diversas mensagens preocupantes durante a última edição do Festival de Cannes, em maio. Segundo ele, o ator disse estar com dificuldades para se levantar.

O ex-diretor também afirmou que Léaud teria se envolvido em muitos jogos de azar na juventude, o que o levou a perder o dinheiro acumulado ao longo de sua carreira. A campanha no Leetchi já alcançou a meta de € 15 mil, estipulada pelos amigos de Léaud – equivalente a aproximadamente R$ 78 mil.

 
Sucesso no cinema e Palma de Ouro

Jean-Pierre Léaud é um ícone do cinema francês há muitos anos. Nascido em Paris, o ator deu início a carreira ainda na infância, aos 14 anos. Com essa idade ele estrelou o longa “Os Inocentes” (1959), dirigido por François Truffaut, um dos filmes franceses mais famosos de todos os tempos. Seu personagem, Antoine Doinel, era um menor abandonado.

Ele voltou a viver Doinel e trabalhar com Truffaut em “O Amor aos Vinte Anos” (1962), “Beijos Roubados” (1968), “Domicílio Conjugal” (1970) e “Amor em Fuga” (1979), transformando-se em alter-ego do diretor. Léaud estrelou os quatro longas-metragens ao lado da atriz Claude Jade, que na época era noiva de Truffaut.

O ator também trabalhou em filmes icônicos de Jean-Luc Godard, como “A Chinesa” (1967), “Alphaville” (1965) e “O Demônio das Onze Horas” (1965), além de colaborar com outros diretores da Nouvelle Vague e inovadores do cinema dos anos 1960 e 1970.

Sua filmografia inclui inúmeros clássicos como “O Testamento de Orfeu” (1960) de Jean Cocteau, “Não me Toque” (1971) de Jacques Rivette, “O Último Tango em Paris” (1972), de Bernardo Bertolucci, “A Mãe e a Puta” (1973) de Jean Eustache, e até “O Leão de Sete Cabeças” (1970), do brasileiro Glauber Rocha.

Mais recentemente, Léaud apareceu “Irma Vep” (1996), de Olivier Assayas, protagonizou “O Pornógrafo” (2001), de Bertrand Bonello, e viveu o personagem-título de “A Morte de Luís XIV” (2016), de Albert Serra, que lhe rendeu o prêmio Lumière de Melhor Ator. No mesmo ano, ele recebeu uma Palma de Ouro honorária no Festival de Cannes, em reconhecimento à sua contribuição para o cinema.