Globo omite feito histórico e desdenha Desérticas na final do BBB 23

Pela primeira vez na história, quatro mulheres chegaram ao Top 4 de um BBB. Quatro amigas, ainda por cima, fazendo demonstração de sororidade durante semanas seguidas na tela da Globoplay. O feito […]

Divulgação/Globo

Pela primeira vez na história, quatro mulheres chegaram ao Top 4 de um BBB. Quatro amigas, ainda por cima, fazendo demonstração de sororidade durante semanas seguidas na tela da Globoplay.

O feito foi tão impactante que acabou exaltado até num Twitter oficial do “Big Brother” americano.

Mas e a Globo? A emissora parece ter ficado desgostosa com isso, pois a façanha histórica foi simplesmente ignorada em suas redes sociais e até mesmo na retrospectiva da temporada, apresentada na noite de terça (25/5) como “esquenta” para a vitória de Amanda Meirelles.

Mais que omissão, os produtores decidiram transformar a consagração da vitória num ataque às finalistas, sem uma VT de exaltação, nem menção de sororidade ou do feito das Desérticas, preferindo tratá-las com desdém e piadinhas maliciosas.

A opção vergonhosa deixou bem claro o tom empregado pela produção do “BBB 23” ao longo de todo o programa.

Obcecada em fazer com que o tema da edição fosse sobre a questão racial, os funcionários de Boninho pouco valorizaram a sororidade ou as críticas ao machismo dos confinados. Os produtores, redatores e editores tentaram a todo custo sabotar a trajetória vitoriosa das desérticas e, inconformados com a conquista de Amanda Meirelles e suas parceiras, optaram por ridicularizar suas trajetórias, escondendo que elas fizeram o que ninguém tinha conseguido antes – e sem trair suas amizades.

Na prática, o capítulo final foi uma homenagem aos perdedores, além de um esforço assumido – com vídeos e piadas – para desmerecer a conquista desértica e principalmente a ignorada Larissa Santos, maior jogadora da edição, que juntou as sisters e incendiou as torcidas com seu retorno, formando a união que acabou com o Fundo do Mar, numa estratégia certeira de qual peça eliminar por vez, até na escolha de levar Ricardo Alface até o Top 5.

Os produtores fizeram uma belíssima montagem sobre a questão racial, carregada de frases importantes e emocionantes. Então, porque não quiseram fazer o mesmo sobre a força das mulheres? A pauta do empoderamento só serve quando é conveniente?

Os funcionários da emissora devem e podem mesmo se orgulhar de se posicionar de forma clara e militante contra o preconceito racial. Mas também merecem se envergonhar de passar pano para o machismo, calar mulheres com uma edição de imagens mal-intencionada e minimizar a conquista feminina com sabotagem até o fim. Até o apresentador Tadeu Schmidt pareceu pisar em ovos para cumprir sua missão de exaltar as três finalistas, como se fosse ficar malvisto entre os produtores.

Só que os últimos segundos do “BBB 23” foram com Amanda, Bruna Griphao, Larissa, Aline Wirley e Tina Calamba, cinco mulheres completamente diferentes – duas delas negras – , pulando e gritando “Desérticas”, uma sororidade que também podia ensinar muito ao Brasil, como o apresentador Tadeu Schmidt comentou sobre o VT racial.

Por mais que insista, não tem como esconder, dona Globo: este BBB foi das mulheres. Um “BBB”, é bom lembrar, que teve relacionamento tóxico e expulsões por importunação sexual. Se nem assim valorizaram… Dá até medo pensar no que mais precisaria acontecer para que os produtores percebessem a importância de enaltecer a conquista feminina na edição, principalmente nesta edição.

Vai ser essa vergonha machista de novo no “BBB 24”, Boninho?