Novo filme de Francis Ford Coppola perde equipe e estoura orçamento

O filme “Megalopolis”, grandioso projeto que cineasta Francis Ford Coppola (“O Poderoso Chefão”) resolveu financiar com seu próprio dinheiro, estaria enfrentando diversos problemas de produção devido à falta de planejamento e um […]

Divulgação/Francis Ford Coppola

O filme “Megalopolis”, grandioso projeto que cineasta Francis Ford Coppola (“O Poderoso Chefão”) resolveu financiar com seu próprio dinheiro, estaria enfrentando diversos problemas de produção devido à falta de planejamento e um orçamento inflado. Segundo o site The Hollywood Reporter, a produção ainda está na metade da sua filmagem em Atlanta, mas perdeu diversos membros da equipe criativa e periga não terminar de ser rodado.

Coppola já vinha tentando tirar “Megalopolis” do papel há várias décadas, mas nenhum estúdio aceitou financiar o projeto. A solução encontrada pelo veterano diretor foi financiar por conta própria um orçamento estimado em US$ 120 milhões, usando o dinheiro que ele ganhou pela venda dos seus vinhedos na Califórnia. Porém, ainda que Coppola tenha conseguido o dinheiro necessário para dar início à produção, o orçamento aumentou à medida que as filmagens avançaram e, nesse momento, não se sabe se ele vai conseguir terminar o filme.

Entre as demissões feitas pelo diretor para se manter dentro do orçamento, inclui-se o supervisor de efeitos especiais Mark Russell (“Em Um Bairro de Nova York”), a designer de produção Beth Mickle (“O Esquadrão Suicida”) e o diretor de arte David Scott (“Homem Aranha: Sem Volta para Casa”).

Essa não é a primeira vez que Coppola demite sua equipe técnica. Ele também se livrou de toda a equipe de efeitos especiais do filme “Drácula de Bram Stoker” (1992). Porém, agora ele corre o risco de responder judicialmente pelos seus atos.

“O Sindicado dos Diretores de Arte apoia todos os departamentos de arte para garantir pessoal e agendamento adequados, e está atualmente analisando a situação com ‘Megalopolis’ para determinar os próximos passos”, disse um porta-voz do sindicado. “Não temos mais comentários neste momento”, completou. Já o representante de um membro da equipe que foi demitido afirmou que a saída do projeto foi uma benção, afinal, “foi uma loucura absoluta estar no set”, disse a fonte não identificada.

A trama acompanha um arquiteto que busca reconstruir a cidade de Nova York como uma utopia após um desastre. Fontes dizem que Coppola inicialmente empregou uma nova tecnologia de efeitos especiais semelhante à usada em “The Mandalorian”. Mas, à medida que os custos aumentaram, ele teria mudado para uma abordagem tradicional (usando tela verde e CGI). “Não há uma boa resposta aqui”, disse um executivo de produção. “[Coppola] vai gastar muito mais dinheiro do que pretendia. Você pode imaginar o quanto ele já investiu. Seria uma pílula muito amarga não terminá-lo.”

Parte do orçamento também pode ter sido gasto nos salários dos atores, visto que o filme reuniu um elenco de peso formado por Adam Driver (“Casa Gucci”), Aubrey Plaza (“The White Lotus”), Forest Whitaker (“Pantera Negra”), Nathalie Emmanuel (“Velozes e Furiosos 9”), Jon Voight (“Ray Donovan”), Shia LaBeouf (“Ninfomaníaca”), Giancarlo Esposito (“Caleidoscópio”), Jason Schwartzman (“Fargo”), Talia Shire (“Rocky: Um Lutador”), Dustin Hoffman (“Os Meyerowitz: Família Não Se Escolhe”) e Laurence Fishburne (“Matrix”).

Apesar das demissões, Coppola já teria começado a contratar substitutos com o intuito de dar continuidade à produção.

Em março de 2022, Coppola disse ao The Hollywood Reporter que estava investindo seu próprio dinheiro no filme, e que não tinha distribuidor, porque queria fazer tudo do seu jeito. “Há uma certa maneira que todo mundo pensa que um filme deveria ser, e isso vai contra a corrente se você tiver outra ideia”, disse ele na época. “As pessoas podem ser muito refratárias, mas às vezes a outra ideia representa o que está por vir no futuro. Isso é digno de ser considerado.”

Vale lembrar que Coppola não é alheio a problemas de produção. Filmes como “O Poderoso Chefão” (1972) e, principalmente, “Apocalypse Now” (1979) enfrentaram inúmeros percalços, mas a qualidade do produto final acabou justificando a dificuldade ao longo do caminho. O problema é que as vezes o resultado nem sempre compensa do ponto de vista financeiro. Em 1981, o diretor financiou o filme “O Fundo do Coração”, que foi um fracasso de bilheteria, mas impressionou esteticamente, seguido por “Cotton Club” (1984), que também fracassou, desta vez com menos adeptos entre a crítica.