Disney+ lança plano mais barato com anúncios

A plataforma de streaming Disney+ lançou na quinta-feira (8/12) nos EUA o seu plano de assinatura mais barato e com adição de anúncios. O novo tipo de assinatura custa US$ 8 por […]

Unsplash/Thibault Penin

A plataforma de streaming Disney+ lançou na quinta-feira (8/12) nos EUA o seu plano de assinatura mais barato e com adição de anúncios. O novo tipo de assinatura custa US$ 8 por mês e tem cerca de 4 minutos de anúncios para cada hora de conteúdo exibido.

Junto com o novo plano, a Disney também está oferecendo pacotes adicionais. O “Duo Basic” combina os níveis mais básicos da Disney+ e do Hulu por US$ 9,99 por mês, enquanto “Trio Basic” agrupa Disney+, Hulu e ESPN+ por US$ 12,99.

Com isso, os planos atuais sofreram aumento de preço. O Disney Bundle passou a custar US$ 19,99 para a versão sem anúncios, enquanto o Disney+ independente sem anúncios foi para US$ 10,99.

O lançamento dos planos da Disney com anúncios marca um ponto de virada na corrida de streaming, deixando a Apple TV+ como o único streaming de grande porte que ainda não oferece opções de assinatura com comerciais.

Quando o antigo – e novamente atual – CEO da Disney Bob Iger e sua equipe começaram a se preparar para entrar no mercado do streaming, o modelo era a Netflix, que insistiu avidamente por anos que nunca venderia anúncios.

Agora, embora a Netflix continue sendo a líder global com 223 milhões de assinantes, ela enfrenta intensa concorrência e seus co-CEOs, Reed Hastings e Ted Sarandos, lamentaram publicamente a demora da empresa em finalmente lançar seu próprio plano com anúncios – que aconteceu no mês passado.

Última dessa corrida, até a Apple estaria explorando a possibilidade de uma assinatura mais barata com anúncios. Sua versão de nível básico custaria US$ 5 por mês, numa oferta atrativa, principalmente depois que a empresa aumentou seu preço mensal em 40%.

Quanto ao resto dos streamings principais, a HBO Max, Paramount+ e Peacock também têm versões com e sem anúncios nos EUA, enquanto que a transmissão esportiva da Amazon Prime a transformou em um peso pesado de anúncios em streaming.

As exceções à tendência são as plataformas que servem como extensões de emissoras de TV, como é o caso da Starzplay (Lionsgate+ no Brasil) e da Showtime+. Estas, até o momento, permanecem sem anúncios. Mas a plataforma Showtime+ caminha para a extinção, já que se encontra em processo de incorporação pela Paramount+.

A expansão do Disney+ baseia-se no modelo da Hulu, plataforma administrada pela Disney que tinha um plano gratuito com anúncios desde seu lançamento em 2007, permanecendo assim até 2016.

Depois que começou a cobrar por assinaturas e adicionou seu plano de TV ao vivo, as assinaturas do Hulu eclipsaram a publicidade, mas, ainda assim, sua receita publicitária totalizou US$ 3,4 bilhões no ano fiscal de 2022.

Não por acaso, os executivos da Netflix citaram descaradamente a Hulu como um modelo de negócios a ser copiado, com muitos analistas de Wall Street projetando um negócio publicitário multibilionário nos próximos anos.

Vale destacar que o plano com anúncios da Disney não foi motivado por falta de assinantes. A Disney+ adicionou 12,1 milhões de novos clientes pagantes somente no último trimestre, chegando a um total 164,2 milhões.

Porém, durante sua última teleconferência para o mercado financeiro, o ex-CEO Bob Chapek afirmou que o lucro e a receita do serviço cresceriam apenas um dígito no ano fiscal de 2023. Os valores apontavam uma grande queda em relação aos ganhos projetados para aquele mesmo período, acompanhado por aumento nas despesas da empresa.

A introdução do Disney+ Basic (como é chamado o plano com anúncios) é vista como uma forma de equilibrar as contas.

Em maio passado, durante a apresentação inicial da Disney para anunciantes, Chapek disse que a Disney é “incomparável” quando se trata de “narrativa, inovação e autoridade para conexões emocionais profundas com o público em todos os dados demográficos”. E que ao colocarem seu dinheiro na Disney+, os anunciantes estariam efetivamente obtendo acesso a um rico ecossistema de conteúdo e a seu público.

Por via das dúvidas, e pela projeção pessimista apresentada ao mercado, o conselho da Disney não poupou Chapek, que foi demitido junto da vice de streaming, Kareem Daniel, para uma volta muito aplaudida de Iger – que interrompeu a aposentadoria para comandar a empresa.

O mercado parece ter aprovado o lançamento da nova versão do streaming, especialmente o impacto de curto prazo trazido pelo aumento do preço da assinatura regular, sem anúncios, ainda que os ganhos com anúncios podem demorar um pouco mais para se materializar.

Para os investidores, o declínio da TV linear e a incerteza em torno do cinema são preocupações muito maiores do que o streaming.