Após perder 7 anunciantes, Jovem Pan faz editorial contra golpismo

A Jovem Pan News sentiu o baque. Após perder o sétimo anunciante para a campanha de desmonetização do Sleeping Giants Brasil, exatamente um por dia desde o lançamento da iniciativa na quarta-feira […]

Twitter/Jovem Pan News

A Jovem Pan News sentiu o baque. Após perder o sétimo anunciante para a campanha de desmonetização do Sleeping Giants Brasil, exatamente um por dia desde o lançamento da iniciativa na quarta-feira passada (21/12), o grupo jornalístico divulgou um editorial dizendo-se contra o golpismo, a violência e retórica extremista.

O grupo Jovem Pan é acusado pelo Sleeping Giants Brasil de promover fake news e atentar contra a democracia do país. A campanha têm apelado diretamente aos anunciantes com um vídeo que mostra comentaristas da Jovem Pan dando apoio a atos golpistas nos EUA e no Brasil, e indicando que as vitórias dos presidentes Joe Biden e Luiz Inácio Lula da Silva teriam sido fraudes.

Mesmo em meio à ameaça de boicote, o canal Jovem Pan News deu espaço na terça (27/1) para o senador Lasier Martins repisar a tese de que o TSE não apresentou o código fonte das urnas – que na verdade ficou disponível para todos os partidos e instituições como as forças armadas por 10 meses, desde outubro de 2021. Não houve desmentido, enquanto ele afirmou que essa fake news era “crime de lesa pátria” e permitia suspeitas sobre as urnas que elegeram Lula.

A narrativa de fraude eleitoral tem incentivado extremistas a viajarem até Brasília para criar caos. A situação escalou com quebra-quebras e incêndios na capital, seguida por uma tentativa de ataque à bomba, que resultou na prisão do bolsonarista George Washington Oliveira Sousa por terrorismo.

Diante da pressão, a emissora se posicionou nesta quarta-feira (28/12) com um editorial em que nega promover “discursos golpistas” ou incentivar atos de terrorismo no Brasil.

“Ainda que visões políticas e ideológicas dissonantes tenham dividido a população em lados opostos, é crucial que todos entendam que essas divergências são pilares fundamentais da democracia”, diz o texto oficial, narrado por Adalberto Piotto.

“É por isso que a Jovem Pan, há décadas, abre espaço para o mais amplo debate em seus jornais e programas. Porque entendemos que as cores que compõem a nossa democracia vão muito além do verde, do amarelo e do vermelho”, continuou o porta-voz.

Para a emissora, é necessário “reforçar o óbvio”. “A Jovem Pan não faz coro e não endossa qualquer lampejo golpista, ato de violência ou o uso retórico irresponsável de instrumentos constitucionais como o artigo 142 da Constituição”, garantiu.

Por fim, ressaltou: “A Jovem Pan nunca vai apoiar qualquer manifestação que caminhe na direção do enfraquecimento ou da destruição de nossas instituições. Somos defensores do direito de discordar e vamos exercer o papel de críticos sempre que necessário”.

Embora afirme no discurso que “não há espaço para ameaças, para violência ou para que se coloque sob suspeita a realização da transição de governo”, na prática a emissora faz o contrário, dando espaço para comentaristas defenderem uma guerra civil no Brasil, sem que sejam contestados ou punidos por isso. Ao contrário, tem demitido os que alertam contra as opiniões mais extremistas de seus funcionários, que defendem golpe sim e já foram denunciados várias e reiteradas vezes.

Não se sabe se a Jovem Pan enquadrou radicais como Rodrigo Constantino e Paulo Figueiredo, nem se conseguirá fazer com que eles deixem de repetir o que vem dizendo desde a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva nos dois turnos da eleição presidencial.

Em suas mensagens, o Sleeping Giants Brasil tem destacado diversos comentários da dupla veiculados pela Jovem Pan News, pedindo para as empresas deixarem de “patrocinar discursos golpistas”. O perfil da campanha também reproduziu comentários elogiosos do terrorista, que plantou uma bomba em Brasília, sobre conteúdos da Jovem Pan News, e listou os comentaristas radicais do canal que ele seguia.

Recentemente, o YouTube também desmonetizou todos os canais da Jovem Pan por iniciativa própria. De acordo com a plataforma, a decisão ocorreu após a plataforma ter identificado diversos vídeos em desacordo com sua política de conteúdo.

Veja abaixo a íntegra do editorial da Jovem Pan News.