“Pantera Negra 2” estreia em mais de 2 mil telas no Brasil

A esperada continuação de “Pantera Negra” (2018) chega aos cinemas nesta quinta (10/11) com uma distribuição digna de blockbuster. O filme vai ocupar mais de 2,1 mil salas, superando “Doutor Estranho no […]

Divulgação/Marvel

A esperada continuação de “Pantera Negra” (2018) chega aos cinemas nesta quinta (10/11) com uma distribuição digna de blockbuster. O filme vai ocupar mais de 2,1 mil salas, superando “Doutor Estranho no Multiverso da Loucura” num monopólio raro de se ver no país. Para se ter noção, “Adão Negro” abriu em menos da metade desse circuito no mês passado.

Apesar desse domínio, a programação cinematográfica ainda recebe outros sete filmes, cinco deles brasileiros, incluindo os premiados “Paloma” e “A Mãe”. Confira abaixo a lista completa das estreias da semana.

 

| PANTERA NEGRA: WAKANDA PARA SEMPRE |

 

A continuação de “Pantera Negra” é um grande tributo ao ator Chadwick Boseman, o intérprete do herói do título, que morreu de câncer em 2020. Os temas do luto e sua superação dominam a narrativa, embora o diretor Ryan Coogler também aproveite para expandir o MCU (Universo Cinematográfico da Marvel) para novas fronteiras com a ameaça de uma invasão à Wakanda comandada por Namor, o Príncipe Submarino. Seu surgimento também introduz duas novas heroínas: a Pantera Negra e a Coração de Ferro.

Apesar disso, o filme perde força sem seu protagonista original. A dificuldade de se desvencilhar dessa ausência prejudica o desenvolvimento da trama, que não repete o impacto do longa anterior.

O elenco conta com os retornos de Letitia Wright, Winston Duke, Angela Bassett, Lupita Nyong’o, Danai Gurira, Martin Freeman e Florence Kasumba (mas não Daniel Kaluuya, devido ao conflito com as filmagens de “Não! Não Olhe”), e apresenta Dominique Thorne (“Judas e o Messias Negro”) como Riri Williams, a Coração de Ferro, que terá sua própria série na Disney+ em 2023, além do mexicano Tenoch Huerta (“Uma Noite de Crime: A Fronteira”) no papel de Namor.

 

| ARMAGEDDON TIME |

 

O drama semi-autobiográfico, baseado na infância do diretor James Gray (“Ad Astra”), passa-se nos anos 1980 nos EUA, mas reflete muitos fatos que têm sido acompanhados com espanto nos telejornais do Brasil atual. A trama mostra como um menino branco é empurrado para o racismo por sua mãe, escola de elite e colegas, enquanto seu avô tenta ensinar ao jovem que sua família judia também sofreu esse tipo de ataque… de nazistas.

O elenco excepcional é formado por Anthony Hopkins (“Meu Pai”) como o avô, Jeremy Strong (“Succession”) e Anne Hathaway (“Convenção das Bruxas”) como os pais, Jessica Chastain (“Os Olhos de Tammy Faye”) como a diretora da escola e o menino Banks Repeta (“O Telefone Preto”) como o jovem protagonista.

O filme tem coprodução da RT Features, empresa do produtor brasileiro Rodrigo Teixeira – que também produziu a sci-fi “Ad Astra”, filme anterior de Gray – , e após passar no circuito dos grandes festivais internacionais atingiu 75% de aprovação da crítica no portal Rotten Tomatoes.

 

| PALOMA |

 

O novo filme de Marcelo Gomes (“Joaquim”) destaca uma performance consagradora de Kika Sena, que se tornou a primeira artista trans a receber o Troféu Redentor de Melhor Atriz no Festival do Rio. Ela dá vida à personagem-título, uma mulher trans que vive com seu amor e trabalha como agricultora no sertão de Pernambuco. Ela dá duro numa plantação de mamão para guardar dinheiro e realizar um sonho: casar-se na Igreja com o homem que ama, de véu e grinalda. Mas a recusa do padre em aceitar seu pedido a obriga a enfrentar a sociedade rural e sofrer violência, traição, preconceito e injustiça.

“Paloma” também venceu o troféu Redentor de Melhor Filme no Festival do Rio deste ano e foi premiado no Festival de Chicago, nos EUA.

 

| A MÃE |

 

O drama de Cristiano Burlan (“Mataram o Meu Irmão”) rendeu um novo troféu para a premiada Marcélia Cartaxo (“Pacarrete”), como Melhor Atriz no Festival de Gramado deste ano. Ela vive Maria, migrante nordestina e vendedora ambulante em busca de seu filho, supostamente assassinado por policiais militares durante uma ação na vila onde mora. Numa jornada para descobrir o paradeiro do jovem desaparecido, ela enfrenta diversas adversidades, mas não consegue nenhuma notícia que a ajude a encontrá-lo. Essa tragédia deixa uma ferida profunda na sua personalidade.

Burlan também venceu o Kikito de Melhor Direção pelo filme em Gramado, colocando nas telas a discussão cada vez mais necessária sobre a violência policial no país.

 

| ALDEOTAS |

 

O ator Gero Camilo (“Manhãs de Setembro”) dirige e estrela a adaptação de sua própria peça sobre dois amigos que se separam aos 17 anos em meio aos conflitos da adolescência turbulenta numa cidade pequena e conservadora do interior do Brasil. Levi, poeta, cansado de sofrer abusos, leva adiante o plano de fugir pra uma cidade grande mais liberal. Mas Elias, oprimido pela violência do seu pai, desiste de partir em cima da hora. Aos 50 anos, Levi (Camilo) volta para reencontrar o amigo (Marat Descartes) no dia de seu funeral onde as memórias dos dois são revividas antes do último adeus.

Em cartaz por mais de uma década, e vencedora dos prêmios Shell e Qualidade Brasil, a peça chega ao cinema num formato bastante teatral, com economia cenográfica, dando a Gero Camilo um palco para enquadrar em sua estreia como cineasta.

 

| CONTRATEMPOS |

 

O drama francês acompanha uma mulher que luta para criar seus dois filhos sozinha no subúrbio e manter seu emprego em Paris. Quando finalmente consegue uma entrevista para um cargo correspondente às suas aspirações, uma greve geral eclode, paralisando o transporte. Em desespero, ela embarca em uma corrida frenética para chegar a tempo em seu emprego de arrumadeira num hotel, cumprir o horário da entrevista do novo trabalho e ainda atender às necessidades de sua família.

Pelo filme, o cineasta Eric Gravel (da série “Versailles”) venceu o troféu de Melhor Diretor e Laure Calamy (“Minhas Férias com Patrick”) de Melhor Atriz na mostra Horizontes do Festival de Veneza deste ano.

 

| EU, UM OUTRO |

 

Em seu primeiro longa documental, a diretora Silvia Godinho (“Mostra Tua Cara”) acompanha a jornada de Luca, que nasceu como mulher biológica. Luca deixou sua cidade natal há 12 anos, mas agora finalmente decidiu procurar Ana, seu primeiro amor, que o rapaz não via desde que era uma menina. No meio do caminho, ele cruza o caminho com outros dois homens trans: Raul, um estudante de filosofia que quer ser professor, e Thalles, um segurança que odeia seu trabalho e enfrenta burocracia e preconceito para registrar seu nome masculino. O que todos eles têm em comum é a urgência de viver uma vida que acabou de começar.

 

| ARTHUR MOREIRA LIMA – UM PIANO PARA TODOS |

 

Um documentário sobre o mais premiado pianista brasileiro, que além de ter construído uma sólida carreira internacional, tocando com as mais importantes orquestras do planeta, também se dedicou a um gigantesco projeto de democratização da música de concerto: saiu pelo Brasil a bordo de um caminhão-teatro, se apresentando em praça pública por mais de 600 cidades pelo interior de todo o país. A direção é de Marcelo Mazuras.