Uma equipe de reportagem da Jovem Pan News foi hostilizada nesta terça-feira (15/11) por militantes bolsonaristas durante uma manifestação antidemocrática em Brasília. Os profissionais tiveram que ser escoltados por militares para longe dos manifestantes que se aglutinavam em frente ao Quartel-General do Exército.
Os jornalistas estavam identificados com crachá da Jovem Pan e acompanhavam de perto a concentração, que pedia ajuda das Forças Armadas para reverter o resultado das eleições presidenciais, visando impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva.
Apesar da Jovem Pan ter virado porta-voz da extrema direita no Brasil, os manifestantes decidiram impedir o trabalho da emissora quando a reportagem entrou ao vivo e mencionou pedidos de “intervenção militar” no local.
“Existe um chamamento para que haja então uma intervenção militar ou intervenção federal, é o que dizem os manifestantes a todo momento, para que possa ter exatamente isso”, afirmou o repórter, quando o grupo atrás dele começou a reagir negativamente. “Não, não”, gritaram.
Reportagens de outros veículos revelaram que os acampados diante do GQ do Exército receberam um manual com recomendações destinadas a impedir que fossem chamados de golpistas. Seria proibido falar em “intervenção militar”. Num jogo de palavras, os cartazes dos militantes fala em “intervenção federal”, embora o sentido seja exatamente o mesmo: um golpe das Forças Armadas contra o resultado das eleições democráticas no Brasil.
Na hora em que o repórter foi atacado, a Jovem Pan exibia na tela uma tarja sobre os atos, que afirmava: “Brasília recebe manifestações contra resultado do pleito. Manifestantes também criticam a censura e a suposta ‘ditadura do judiciário'”.
O jornalista foi cercado por bolsonaristas, que criticaram o relato do repórter, diziam que ele deveria “falar a verdade”, enquanto o gravavam em seus celulares. “Mentiroso”, gritou um homem. “Vergonha o repórter da Jovem Pan”. Sob vaias, o jornalista não reagiu.
Cinco militares da Polícia do Exército cercaram os profissionais de imprensa e pediram que os manifestantes se afastassem para que a equipe da Pan deixasse o local.
Desde a demissão de bolsonaristas assumidos, após a vitória de Lula nas eleições, os manifestantes mais radicais têm se afastado da emissora e se aproximado da Oeste, revista digital que está reunindo os extremistas desempregados da Jovem Pan.
O ataque dos bolsonaristas à imprensa repercutiu entre políticos. O deputado Ivan Valente, do PSOL de São Paulo, ironizou a reação. “A emissora que tanto planta ódio, colhe agora as consequências de alimentar o fascismo. Mas independente disso, ações como essas dos golpistas devem ser repudiadas e criminalizadas”, escreveu o parlamentar nas redes sociais.
“Quem diria. Até a Jovem Pan foi hostilizada por bolsonaristas na porta do quartel em Brasília. O repórter saiu escoltado pelos soldados do Exército”, reagiu a deputada Joice Hasselmann, bolsonarista arrependida que atualmente está no PSDB de São Paulo.
Quem diria…
📌Até a Jovem Pan foi HOSTILIZADA por bolsonaristas na porta do Quartel em Brasília.
O reporter saiu ESCOLTADO pelos soldados do Exército.
Na matéria, Jovem Pan afirmou que os ativistas estão pedindo INTERVENÇÃO MILITAR.#bolsonarismo pic.twitter.com/HmQwxBL6jd
— Joice Hasselmann (@joicehasselmann) November 15, 2022