Documentário sobre povo indígena vence Festival de Brasília

O documentário “A Invenção do Outro” foi o grande vencedor da 55ª edição do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, conquistando quatro troféus, inclusive o principal, durante a cerimônia que aconteceu no […]

O documentário “A Invenção do Outro” foi o grande vencedor da 55ª edição do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, conquistando quatro troféus, inclusive o principal, durante a cerimônia que aconteceu no domingo (20/11).

O tradicional evento do cinema brasileiro consagrou a trama de Bruno Jorge (de “Natureza Morta”) como o Melhor Longa-Metragem na votação do júri oficial, além de Melhor Fotografia, Montagem e Som.

A obra documental acompanha uma expedição humanitária na Amazônia em busca da etnia dos Korubos, conduzida por indigenista Bruno Pereira, que foi assassinado junto ao jornalista britânico Dom Phillips em junho deste ano.

“Segundo a psicanálise, o nosso ‘eu’ não nasce pronto, ele é um processo de construção, que começa quando a gente nasce e começa a se identificar com os atributos do outro. Somos camadas de vários outros, que a gente vai tirando e no final não sobra nada. Queria agradecer ao júri por premiar um trabalho que tem um deslocamento do eu, da desterritorialização da autoimagem”, disse o diretor em seu agradecimento.

Entre as obras de ficção, “Mato Seco em Chamas”, de Adirley Queirós e Joana Pimenta, foi disparado a mais premiada com sete Troféus Candangos, incluindo Melhor Direção e Atriz (um empate entre Lea Alves e Joana Darc). De temática bastante atual, o filme explora o impacto do surgimento de movimentos extremistas na periferia.

Outro destaque da premiação, “Rumo”, de Bruno Victor e Marcus Azevedo, levou o prêmio de Melhor Longa pelo júri popular (votação do público) e um Prêmio Especial do júri oficial. O filme aborda a implementação da política de cotas raciais em universidades brasileiras a partir da experiência pioneira da UnB. E vale apontar que os diretores foram estudantes cotistas.

O prêmio de Melhor Curta para “Escasso”, do coletivo carioca Encruza (Clara Anastácia e Gabriela Gaia Meirelles), também destacou o protagonismo de narrativas negras. Acompanhando uma passeadora profissional de pets em busca da casa própria, a obra também venceu o prêmio de Melhor Direção e Atriz (Clara Anastácia).

A 55ª edição do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro teve duração de seis dias, com 42 exibições competitivas e mostras especiais.

Confira abaixo a lista dos vencedores.

LONGAS

Melhor Longa-Metragem pelo Júri Oficial
“A Invenção do Outro”, dirigido por Bruno Jorge.

Melhor Longa-Metragem pelo Júri Popular
“Rumo”, dirigido por Bruno Victor e Marcus Azevedo

Melhor Direção
Adirley Queirós e Joana Pimenta com a obra de “Mato Seco Em Chamas”

Melhor Atriz
Lea Alves e Joana Darc em “Mato Seco em Chamas”

Melhor Atriz Coadjuvante
Andreia Vieira também em “Mato Seco em chamas”

Melhor Ator
Carlos Francisco em “Canção ao Longe”

Melhor Ator Coadjuvante
O coro de motoqueiros de “Mato Seco em Chamas”

Melhor Roteiro
Adirley Queirós e Joana Pimenta com a obra de “Mato seco em chamas”

Melhor Fotografia
Bruno Jorge pela direção de “A Invenção do Outro”

Melhor Direção de Arte
Denise Vieira por “Mato seco em chamas”

Melhor Trilha Sonora
Muleka 100 Kalcinha pela canção de “Mato Seco em Chamas”

Melhor Edição de Som
Bruno Palazzo e Bruno Jorge em “A Invenção do Outro”

Melhor Montagem
Bruno Jorge em “A invenção do outro”

Prêmio Especial do Júri
“Rumo”, dirigido por Bruno Victor e Marcus Azevedo

CURTAS

Melhor Curta-Metragem pelo Júri Oficial
“Escasso”, dirigido por Clara Anastácia e Gabriela Gaia Meirelles

Melhor Curta-Metragem pelo Júri Popular
“Calunga Maior”, dirigido por Thiago Costa

Melhor Direção
Clara Anastácia e Gabriela Gaia Meirelles, por “Escasso”

Melhor Atriz
Clara Anastácia em “Escasso”

Melhor Ator
Giovanni Venturini em “Big Bang”, dirigido por Carlos Segundo

Melhor Roteiro
Rogério Borges pela obra de “Lugar de Ladson”

Melhor Fotografia
Yuji Kodato em “Lugar de Ladson”, dirigido por Rogério Borges

Melhor Direção de Arte
Joana Claude, por “Capuchinhos” de Victor Laet

Melhor Trilha Sonora
Podeserdesligado, em “Calunga Maior” de Thiago Costa

Melhor Edição de Som
Som de Black Maria (Isadora Maria Torres e Léo Bortolin), em “Lugar de Ladson”

Melhor Montagem
Edson Lemos Akatoy por “Calunga Maior” e “Nem o Mar Tem Tanta Água” de Mayara Valentim

Melhor Filme de Temática Afirmativa
“Ave Maria”, de Pê Moreira