A atriz Claudia Alencar (de “Tieta”) revelou parte das torturas que sofreu durante a Ditadura Militar no Brasil. O assunto surgiu durante entrevista ao podcast “Papagaio Falante”, apresentado por Sérgio Mallandro.
“Foram me buscar em casa. […] Me torturavam muito. Me puseram um capuz e já começaram a me pisotear no carro, me jogaram numa cela fria, lá em São Paulo. Uma cela onde a gente fazia as necessidades lá mesmo. Eram choques e mais choques. Me puseram num pau de arara.”
Após o relato sensível, o comediante questionou se Claudia sofreu abuso sexual no período ditatorial, mas a atriz evitou entrar em mais detalhes. “Eu não quero nem falar disso”, afirmou, visivelmente abalada.
Em 2017, Claudia Alencar relatou que “foi muito violentada nos Anos de Chumbo, na Ditadura Militar” e que chegou a acreditar que nenhum assédio poderia lhe abalar posteriormente. “Me enganei” afirmou.
Na mesma entrevista, Claudia contou que sofreu dez anos de assédio de diretores e produtores cinematográficos e que, por isso, perdeu diversos papeis relevantes.
“Fui chamada várias vezes para fazer testes e eles até começavam mesmo com as leituras de texto, mas terminavam com uma proposta de um jantar ou de um encontro em um lugar mais reservado.”
“Cada vez que isso acontecia, eu saía arrasada, frustrada e me sentindo violentada porque eu tinha certeza que era boa atriz com condições para entrar e ficar entre as estrelas da casa.”
O regime militar brasileiro durou cerca de 21 anos (1964 – 1985), período em que o governo instalou a censura à imprensa, restringiu direitos e normalizou a perseguição policial aos opositores e artistas, com direito a torturas e desaparecimentos. Ainda assim, existem “nostálgicos” que pedem a volta desses tempos.