A artista brasileira Mary Cagnin usou as redes sociais neste domingo (20/11) para acusar a série “1899”, lançada na quinta-feira (17/11) pela Netflix, de plagiar uma obra de quadrinhos que ela lançou em 2016.
“Estou em choque”, ela começou. “‘1899’ é simplesmente idêntico ao meu quadrinho ‘Black Silence’, publicado em 2016”, revelou no Twitter. E em seguida listou uma série de “coincidências” entre as duas obras, mostrando lado a lado suas ilustrações e cenas da produção europeia.
A única diferença, segundo ela, é que a série desenvolvida pelos produtores e roteiristas alemães Baran Bo Odar e Jantje Friese, que causaram frenesi mundial com a trama de “Dark”, passa-se num navio do século 19, enquanto “Black Silence” é uma sci-fi espacial.
“Está tudo lá: A pirâmide negra. As mortes dentro do navio/nave. A tripulação multinacional. As coisas aparentemente estranhas e sem explicação. Os símbolos nos olhos e quando eles aparecem”, escreveu a brasileira.
Ela seguiu fazendo comparações: “As escritas em códigos. As vozes chamando por eles. Detalhes sutis da trama, como dramas pessoais dos personagens, incluindo as mortes misteriosas.”
Segundo a autora, é possível que os produtores alemães da série tenham conhecido sua obra quando ela participou, em 2017, da Feira do Livro de Gotemburgo, na Suécia, um evento internacional que disponibilizou “Black Silence” em inglês para editores e profissionais do ramo.
Mas vale apontar que uma das roteiristas da série é brasileira: Juliana Lima Dehne, que fez o curta nacional “Pare. Olhe. Escute.” (2009)
“Já chorei horrores. Meu sonho sempre foi ser reconhecida pela meu trabalho nacionalmente e internacionalmente. E ver uma coisa dessas acontecendo realmente parte meu coração”, reclamou Cagnin.
A artista, que já ilustrou livros e revistas para editoras Globo, Abril e Mol, lançou recentemente seu site pessoal (marycagnin.com), onde é possível ler a íntegra de “Black Silence”.
Cagnin não disse se pretende processar os produtores ou a Netflix. Por enquanto, está avaliando “os procedimentos que devo tomar”. “Se é que é que há algo que possa ser feito”, lamentou.
Mas fez questão de destacar sua indignação: “A gente não pode achar que só porque somos brasileiros devemos aceitar esse tipo de menosprezo e indiferença. Temos inúmeros casos de gringos copiando a gente, em filmes, séries e músicas. Como o caso do filme ‘As aventuras de Pi’ que foi copiado de um livro brasileiro”, afirmou.
Veja abaixo as postagens da brasileira.
ESTOU EM CHOQUE.
O dia que descobri que a série 1899 é simplesmente IDÊNTICO ao meu quadrinho Black Silence, publicado em 2016.
Segue o fio. pic.twitter.com/1deBicrBeQ
— Just Mary (@marycagnin) November 20, 2022
As escritas em códigos. As vozes chamando por eles. Detalhes sutis da trama, como dramas pessoais dos personagens, incluindo as mortes misteriosas. pic.twitter.com/zenqeq2zqF
— Just Mary (@marycagnin) November 20, 2022
Participei de painéis e distribuí o quadrinho Black Silence para inúmeros editores e pessoas do ramo. Não é difícil de imaginar o meu trabalho chegando neles.
Eu não só entreguei o quadrinho físico como disponibilizei a versão traduzida para o inglês.
— Just Mary (@marycagnin) November 20, 2022
Tive a oportunidade que muitos quadrinistas nunca tiveram: de poder mostrar meu trabalho para o público internacional. Gente. Eu dei palestras. Falei sobre o plot. Apresentei para pessoas influentes da área. O negócio é sério.
— Just Mary (@marycagnin) November 20, 2022
Quem quiser pode ler meu quadrinho que está disponível para leitura online para tirar suas próprias conclusões:https://t.co/owMn85MIal
— Just Mary (@marycagnin) November 20, 2022
Já cansei de chorar. Agradeço a todos que leram até aqui e a todos meus leitores por todo o apoio que recebo. Inúmeras pessoas no inbox do Insta comentando sobre as similaridades. Vou ver os procedimentos que devo tomar. Se é que é que há algo que possa ser feito.
— Just Mary (@marycagnin) November 20, 2022