O ator Hugh Jackman (“O Rei do Show”) arrancou elogios da crítica na première do seu novo filme, “The Son”, no Festival de Veneza. Os comentários entusiasmados apontam que esse pode ser o “filme de Oscar” do ator.
Além dele, Laura Dern (“Jurassic World: Domínio”) também foi muito reverenciada após a sessão do filme, com o elenco e o diretor Florian Zeller aplaudidos de pé por 10 minutos pelo público presente. Visivelmente emocionado, Jackman abraçou o jovem Zen McGrath (“Marcas do Passado”), que interpreta seu filho, em meio à ovação. O filme, que conta uma tragédia familiar angustiante, também gerou suspiros audíveis dos espectadores durante uma determinada cena dramática.
O próprio ator parece ter percebido a possibilidade do Oscar quando leu o roteiro, afirmando que foi “uma sensação como um fogo no meu estômago, foi uma compulsão”, disse ele, durante a coletiva de imprensa nessa quarta (7/9). “Um sentimento que você raramente tem como ator: este papel é para você e você deve interpretá-lo”, completou.
A trama do filme gira em torno de Peter, um sujeito que vive uma vida agitada com a nova parceira e seu bebê. Mas a rotina dele é abalada pela chegada da ex-esposa com seu filho adolescente, Nicholas. O jovem está perturbado, distante e com raiva, faltando à escola há meses. Enquanto Peter se esforça para ser um pai melhor, procurando ajudar seu filho, o peso da condição de Nicholas coloca a família em um rumo perigoso.
Segundo o crítico Clayton Davis, do site Variety, “o que torna seu desempenho ainda mais impressionante é que, para a maior parte de ‘The Son’, Jackman é meticulosamente reservado, internalizando a frustração de um homem que busca uma solução rápida para os problemas de saúde mental profundamente enraizados de seu filho”.
Jackman apontou que o seu trabalho no filme foi tão profundo que mudou a maneira como ele encara a própria paternidade. “Por muitos e muitos anos como pai, meu trabalho era parecer forte e confiável, e nunca parecer preocupado, porque não queria sobrecarregar meus filhos”, disse ele. “Mas desde que estrelei este filme eu mudei minha abordagem. Compartilho mais minhas vulnerabilidades com meus filhos de 17 e 22 anos e vejo o alívio deles quando faço isso.”
A relação entre pai e filho não é estranha ao diretor Florian Zeller, responsável pelo drama “Meu Pai” (2020), que rendeu o Oscar de Melhor Ator para Anthony Hopkins. “Todos nós compartilhamos o mesmo dilema”, disse Zeller. “É tão difícil tomar a decisão certa como pai. Nessa situação, eles tomam a decisão errada pensando que podem consertar tudo sozinhos. Mas há um momento em que não há problema em aceitar o fato de você ser impotente.”
Segundo Jackman, “o filme realmente mostra como as pessoas ficam isoladas, principalmente em torno de problemas de saúde mental. Há uma vergonha, há uma culpa, há um desejo intenso de consertar as coisas. De entender e ter empatia com as pessoas ao seu redor, se colocar no lugar delas e ter honestidade. Espero que o filme inicie diálogos, espero que o filme nos lembre de nunca nos preocuparmos sozinhos.”
O elenco ainda conta com Vanessa Kirby (“Pieces of a Woman”) e Anthony Hopkins, que retoma a parceria de “Meu Pai” com o diretor francês.
Curiosamente, o personagem de Hopkins foi criado especialmente para ele no filme, pois não existia no roteiro teatral. É que os filmes do pai e do filho formam uma trilogia escrita por Zeller para o teatro. O terceiro título se chama “The Mother”, que ainda não tem adaptação cinematográfica prevista.
“Depois de nossa jornada em ‘Meu Pai’, eu não poderia fazer outro filme sem Anthony”, disse o diretor anteriormente, explicando a inclusão de um avô na sua história.
Após passar por Veneza, “The Son” terá sua première norte-americana na segunda-feira (12/9) no Festival de Toronto, antes de ser lançado em 11 de novembro nos EUA. Ainda não há previsão de estreia no Brasil.
Veja abaixo um trecho da reação do público e a emoção de Jackman na première.
#TheSon receives an emotional 10 minute standing ovation at its #VeniceFilmFestival World Premiere. pic.twitter.com/pnae0HVWOr
— Sony Pictures Classics (@sonyclassics) September 7, 2022