A combinação do canal pago HBO e da plataforma HBO Max superou com folga a rival Netflix na contagem geral do Emmy deste ano. Após vencer uma dúzia dos prêmios principais da Academia de Artes e Ciências Televisivas na noite de segunda (12/9), as HBOs chegaram a um total de 37 vitórias, incluindo os troféus preliminares, entregues em 3 e 4 de setembro.
As séries mais premiadas do streaming do conglomerado Warner Bros. Discovery foram “The White Lotus” (10 prêmios), “Euphoria” (6) e “Succession” (4).
Já Netflix levou para casa um total de 26 troféus, mas apenas três na cerimônia de segunda. Os destaques do streaming mais antigo foram “Round 6” (6), “Stranger Things” (5) e “Arcane” (4).
O resultado representa uma reversão das fortunas de 2021, quando a Netflix teve 44 Emmys no total, contra 19 da HBO/HBO Max.
O resultado é importante especialmente para a HBO Max, que enfrenta uma crise administrativa após a fusão da Warner e da Discovery, com cancelamentos repentinos e sumiços de séries na plataforma. Também reforça a estratégia de Casey Bloys, chefe de conteúdo das HBOs, de priorizar produtos de qualidade sobre quantidade.
Este parece ser justamente o problema da Netflix, que produz uma quantidade inigualável de atrações. Só que o excesso faz com que até produções de qualidade se percam na página inicial da plataforma, sem que o público consiga descobri-las.
Com a ambição de reconhecimentos no Emmy e até no Oscar, a Netflix pode ter que repensar seus métodos de produção, aproveitando para transformar a atual crise de assinantes da empresa numa oportunidade para rever seu modelo de negócios.
No caso, não se trata sequer de reinvenção, mas de volta às origens. Vale lembrar que, em seus primeiros anos, a aposta da plataforma era em produções de prestígio, como “House of Cards” e “Orange is the New Black”, que fizeram História no Emmy e mudaram a cara da “televisão” para sempre.
Em meio à essa disputa, é importante prestar atenção ainda no crescimento das plataformas da Disney, Hulu (equivalente à Star+ no Brasil) e Disney+. Elas tiveram seis vitórias cada, gerando uma dúzia de prêmios somados.
Durante a D23 Expo, convenção da Disney realizada no último fim de semana, o CEO da companhia, Bob Chapek, confirmou planos de juntar Hulu e Disney+ num único streaming – o que já acontece na Europa. Isto só não foi adiante ainda nos EUA porque a Disney não detém 100% da Hulu – a Comcast, dona da NBCUniversal, possui 33%. Mas a situação deve mudar a partir de 2024, quando está prevista contratualmente a possibilidade de compra das ações minoritárias pelo império comandado por Chapek.
Na D23, o executivo afirmou que gostaria, inclusive, de apressar esse cronograma, revelando que tem participado de conversas com a NBCUniversal sobre o tema.
A médio prazo, isso pode significar uma ameaça para o reinado da HBO e da Netflix nas premiações da indústria.