Bob Iger, ex-CEO da Disney e criador do serviço de streaming Disney+, acredita que nem todo serviço de streaming vai sobreviver à alta competitividade do mercado, mas o maior perdedor dessa guerra será a TV convencional. Falando na conferência Vox Media Code, na última quarta (7/9), Iger também abordou as mudanças que o cinema deve enfrentar os próximos anos, numa palestra que deu muito o que falar.
Analisando os serviços oferecidos atualmente, Iger avaliou que a gigante Netflix deve se manter forte, apesar dos recentes problemas com perda de assinantes. “Acredito que a Netflix continuará a prosperar. Eles têm alguns problemas agora, mas o serviço não vai embora”, disse ele, que também reforçou a sua crença no sucesso da Disney+, graças à força comercial das franquias que reúne.
Em relação aos outros competidores, Iger se disse surpreso com a velocidade com que a Apple TV+ e a Amazon Prime Video cresceram. Ainda assim, ele reconheceu que as duas empresas já tinham recursos e tecnologia para garantir esse crescimento. Além disso, os streamings da Amazon e da Apple “não são os negócios primários deles e são medidos, provavelmente, por padrões diferentes em termos de resultados, e servem a outros propósitos nessas empresas.”
Por conta disso, “eles vão aguentar. Eles vão continuar a crescer e vão crescer bem. Eles têm bolsos fundos. Eles têm ótimo acesso aos consumidores. Eles têm plataformas tecnológicas fortes. Eles provaram que sabem fazer isso. Então eles ficam.”
Quem está correndo risco, portanto, são serviços menores em número de assinantes, como a HBO Max, a Paramount+ e a Peacock (que nem chegou ao Brasil ainda). Iger foi político ao não mencionar nenhuma empresa por nome, mas deixou claro: “Eu não acho que todos eles vão conseguir.”
Ainda assim, o futuro dos streamings é mais promissor do que o da TV. “A TV linear e a satélite estão marchando em direção a um grande precipício e serão empurradas”, afirmou Iger, que teve sob sua supevisão o canal americano ABC por muitos anos e agora prevê um “mundo de dor” para a transmissão convencional. “Não posso dizer quando, mas ela vai embora.”
Em relação às salas de cinema, Iger elogiou a experiência compartilhada de ver um filme na tela grande e disse que a indústria cinematográfica ainda tem uma longa vida pela frente. Mas será uma vida diferente.
“Acho que os filmes nunca voltarão ao nível em que estavam antes da pandemia”, disse ele, destacando que existem “cicatrizes permanentes” causadas pelas medidas de prevenção. “Competição, escolha… substitui a ida ao cinema”, explicou ele, afirmando que estamos vivendo numa era de muita ansiedade para a indústria, “porque esta é uma era de grande transformação.”