Diretora de TV denuncia ator Gustavo Novaes por estupro

Uma diretora de TV, de nome não revelado, teria sido estuprada pelo ator Gustavo Novaes (das novelas “Amor de Mãe” e “Gênesis”). Em denúncia publicada nesta quinta (25/8) no Universa, ela conta […]

Divulgação/VGI

Uma diretora de TV, de nome não revelado, teria sido estuprada pelo ator Gustavo Novaes (das novelas “Amor de Mãe” e “Gênesis”).

Em denúncia publicada nesta quinta (25/8) no Universa, ela conta que estava alcoolizada e não lembrava da violência, descobrindo apenas quando viu um vídeo do ato, gravado pelo próprio Novaes em seu celular. Ela imediatamente enviou o vídeo para si mesma e apagou o original.

Segundo o Universa, as imagens mostram Novaes de pé, andando até um quarto. Depois, surge a imagem de uma mulher apoiada de bruços, inerte. Ele a penetra e ela balbucia algumas palavras, incompreensíveis.

A vítima disse que já teve um relacionamento com o ator, mas eles não estavam mais juntos e ela não tem lembranças do que aconteceu porque estava completamente embriagada.

“É muito difícil entender. Não consigo nem dizer [que foi estuprada]. A palavra é feia, dói. Eu tinha o vídeo, mas não acreditava no que via. Não era possível que alguém fosse capaz de fazer aquilo, alguém que recebi na minha casa”, ela disse ao site.

O ator nega as acusações e diz que houve consentimento tanto para a gravação quanto para o ato sexual.

Originalmente, a notícia chegou à imprensa como se a vítima fosse uma modelo. Em 7 de agosto, o ator desmentiu a acusação em entrevista para o “Câmera Record”.

“Uma vez a gente estava transando, já tinha comentado de fazer um vídeo, e a gente fez um vídeo, ela acabou se importunando por causa disso. De onde vem esse papo de estupro, se a gente transava junto? Isso é meio absurdo, né? Nem na imagem mostra ela desacordada”, declarou Novaes.

Segundo a mulher, ela conheceu o ator quando os dois trabalhavam na mesma emissora – que a vítima pediu para não ser identificada. Os dois se relacionaram por um mês e meio, segundo relata. Depois de um tempo, prestes a viajar para Los Angeles onde faria um curso, ela fez uma festa de despedida em um bar. Ao chegar em casa alcoolizada, ele insistiu, por meio de mensagens, em encontrá-la.

“Não me lembro de muita coisa, me vêm flashes de memória. Ele foi até minha casa e sei que acordei com o celular dele na minha cama. Perguntei por que e ele disse que colocou uma música para eu dormir. Achei estranho. Depois, ele começa a me filmar seminua, enquanto estava pegando comida, só que com flash. Isso fez com que eu começasse a desconfiar. Queria apagar esse vídeo feito com flash, mas achei o outro. Minha reação na hora foi mandar para mim por WhatsApp e apagar do aparelho dele.”

A descoberta do vídeo fez com que ela procurasse uma delegacia para denunciá-lo.

A diretora disponibilizou uma troca de conversas em que confirma não ter autorizado a gravação. Gustavo responde: “Tá bem? Desculpe por ter gravado.” Ele diz que só que tinha filmado para que os dois vissem as imagens juntos e, em dado momento, a chama de “louca”. “Para de trazer problema pra sua vida”, ele afirma.

Ao relatar o que aconteceu à polícia, o caso foi tratado inicialmente como crime de registro não autorizado de intimidade sexual. Mas ela logo se deu conta de que havia sido vítima de estupro de vulnerável — quando a pessoa não tem discernimento sobre o ato, não é capaz de consentir nem de oferecer resistência ao contato sexual, segundo a lei.

Ela relatou ainda ter sido abordada por um profissional em cargo de chefia na emissora em que trabalhava pedindo que ela retirasse a queixa contra Gustavo. “Ele disse que não era para deixar o Gustavo ser preso nem deixar que a emissora ficasse sabendo da história.”

Dias depois, a diretora foi convocada para ir à delegacia pela terceira vez, depois que o ator já tinha dado seu depoimento e meses após registrar queixa. Foi só então que o vídeo foi visto pelas autoridades policiais. “A delegada assistiu ao vídeo na minha frente, e eu com aquilo na cabeça de que não podia deixar o Gustavo ser preso. Na hora, com medo, afirmei que o sexo tinha sido consentido. Ela ainda questionou, dizendo que eu estava desacordada, respondi que foi só um cochilinho.”

Na declaração registrada na Deam (Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher) em dezembro de 2019 e assinada pela escrivã Ellen de Mattos consta que ela quis esclarecer “que nunca se sentiu vítima de estupro”, sucedido por um adendo da autoridade policial: “apesar de no vídeo estar registrado o autor fazendo sexo com a declarante aparentemente desacordada”.

“Ninguém te prepara para ser estuprada, ninguém fala que tem que procurar um advogado para te acompanhar na delegacia, para explicar exatamente qual é o crime e a queixa que se tem que fazer”, ela declarou. “Ainda é vergonhoso admitir.”

O passo mais recente do processo foi um pedido do Ministério Público, assinado pela promotora Érika Prado Alves Schittini, para que houvesse uma investigação relacionada ao crime de estupro de vulnerável e que o vídeo fosse periciado.

A defesa de Gustavo Novaes rebate as acusações.

“O vídeo apresentado não foi submetido à perícia, que constataria que os dois, enquanto estavam tendo uma relação sexual, conversaram, e ela tinha dado consentimento ao vídeo”, disse o advogado João Bernardo Kappen ao site.

Ele ainda afirma que o vídeo é maior do que o apresentado. “A perícia vai mostrar que, na conversa que os dois travaram enquanto mantinham a relação sexual, ela deu consentimento à relação, independentemente de estar alcoolizada.”

Kappen diz ainda que “foi a advogada atual que convenceu que ela foi estuprada”. “Porque ela diz que o depoimento foi consensual, não diz em depoimento em juízo, a advogada é que surge com essa tese que nem ela [a vítima] mesma confirma.”