CCXP entrega seus primeiros prêmios sem definir foco

A CCXP (Comic Con Experience) virou prêmio. A primeira edição aconteceu na noite de sexta (15/7) na Sala São Paulo, no centro da capital paulista, com direito a tapete vermelho, homenagens e […]

Instagram/CCXP Awards

A CCXP (Comic Con Experience) virou prêmio. A primeira edição aconteceu na noite de sexta (15/7) na Sala São Paulo, no centro da capital paulista, com direito a tapete vermelho, homenagens e show. O evento atraiu artistas como Carla Dias, que recebeu o troféu de Melhor Fandom, e Liniker, Melhor Atriz de Série, além de influenciadores e ex-BBBs. Já a relação de premiados foi, digamos, um rolê aleatório.

Nos EUA, a Comic-Con Internacional (com hífen) entrega há décadas o troféu Eisner, dedicado aos melhores dos quadrinhos. E pode-se ver que esta foi a base da premiação da Comic Con nacional (sem hífen). Quadrinhos foi o item com a maior quantidade de categorias: oito. Acrescentando Literatura, os conteúdos de leitura ganharam 10 troféus.

Mas o Brasil já tem o troféu HQ Mix, entregue desde 1989 – lançado um ano depois do Eisner nos EUA.

Isto explica a inclusão de outras categorias. O segundo item com mais títulos foi Games & eSports: sete. O terceiro foi Creators: seis. Ambos se complementam, como sugerem indicações de Pro Players e Streamers. Assim, o CCXP Awards se apresenta como uma junção do Eisner e do The Game Awards em versões nacionais.

Só que nenhuma das premiações originais citadas é conhecida por atrair estrelas de cinema e ex-integrantes de reality shows para seus tapetes vermelhos.

Faz sentido que o CCXP Awards busque “bombar” seu prêmio com um leque maior de opções, que reflitam seu evento físico. Afinal, a convenção chama mais atenção pelas novidades de filmes e séries que apresenta do que pelos lançamentos de quadrinhos e games.

Só que Séries teve apenas quatro prêmios, incluindo um internacional, e Filmes seis, incluindo famdom! E o padrão passou longe de um MTV Movie & TV Awards, com categorias divertidas. Ao contrário.

As Séries ainda renderam reconhecimentos, digamos, mais pop, com o destaque para as interpretações de Christian Malheiros e Liniker, respectivamente por “Sintonia” e “Manhãs de Setembro”. Mas com tantos lançamentos internacionais, a vitória de “Succession” foi a opção menos geek do mundo.

A premiação de Filmes causou curto-circuito ainda maior, com a consagração de dois documentários nacionais de relevância política e um drama internacional sobre a luta histórica antirracista, “Judas e o Messias Negro”, grande produção, premiada com o Oscar, mas… sem nenhuma relação com a programação lotada de filmes de super-heróis, sci-fi e terror da CCXP.

Os prêmios audiovisuais levantam muitas questões, chegando ao âmago da relação do CCXP Award com o evento que a batiza – e que já se apresentou, de forma ufanista, como “o maior festival de cultura pop do planeta”. Por que, então, tratar as categorias de filmes como se a CCXP fosse o Festival de Gramado? Com tantos diretores brasileiros filmando quadrinhos, terror e fantasia que adorariam ter reconhecimento num prêmio geek, por que buscar emular um genérico Grande Prêmio do Cinema Brasileiro?

E reparem no detalhe: o Instagram oficial da CCXP só publicou dois posts sobre o resultado da premiação, justamente com os vencedores de Séries e Filmes – os menos geeks de toda a noite.

Foi a primeira experiência de premiação da Comic Con Experience. E agora vamos aguardar pelos documentários, séries dramáticas e filmes de Oscar, que pelo jeito serão os grandes destaques do evento (CCXP 2022) que se segue a esse cartão de visitas, programado para dezembro deste ano.

Confira abaixo a lista dos premiados.

 
 
Séries

Melhor Ator
Christian Malheiros (“Sintonia”)

Melhor Atriz
Liniker (“Manhãs de Setembro”)

Melhor Série
“Sob Pressão”

Melhor Série Internacional
“Succession”

 
Filmes

Melhor Ator
Seu Jorge (“Marighella”)

Melhor Atriz
Renata Carvalho (“Vento Seco”)

Melhor Filme
“A Última Floresta”

Melhor Filme do Ano Internacional
“Judas e o Messias Negro”

Melhor Direção
Anna Muylaert e Lô Politi (“Alvorada”)

Melhor Fandom
Carla Diaz

 
Quadrinhos

Melhor Quadrinho
“Arlindo”

Melhor Quadrinista
Marcello Quintanilha (“Escuta, Formosa Márcia”)

Melhor Tira e Web-tira
“Manual do Minotauro”

Melhor Álbum
“Brega Story”

Melhor Roteirista
Gabriel Nascimento (“A Menor Distância entre Dois Pontos É uma Fuga”)

Melhor Desenhista
Shiko (“Carniça e a Blindagem Mística: A tutela do oculto”)

Melhor Arte-Finalista
Orlandeli (“Chico Bento – Verdade”)

Melhor Colorista
Guilherme Petreca (“Shamisen: Canções do mundo flutuante”)

 
Literatura

Melhor Ficção
“O Serviço de Entregas Monstruosas”

Melhor Não-ficção
“Elke: Mulher Maravilha”

 
Games & eSports

Melhor Game
“Unsighted” (Studio Pixel Punk)

Melhor Game Internacional
“It Takes Two”

Melhor Pro-player Masculino
Gustavo “Sacy”

Melhor Pro-player Feminina
Natália “Daiki” Vilela

Melhor Game Competitivo
Valorant

Melhor Game Mobile
League of Legends: Wild Rift

Melhor ORG
Fúria

 
Creators

Melhor Streamer Masculino
Casimiro

Melhor Streamer Feminina
Sher Machado

Melhor Podcast
“Mano a Mano”

Melhor Mesacast
“Podpah”

Melhor Canal/Criador Revelação
Raphael Vicente

Melhor Canal/Criado de Conteúdo
Carol Moreira