O ator Philip Baker Hall, que se destacou em três filmes do diretor Paul Thomas Anderson, morreu no domingo à noite (12/6) em sua casa em Glendale, na Califórnia, aos 90 anos de idade.
Com uma longa carreira cinematográfica, iniciada em 1970 como figurante em “Zabriskie Point” (o filme americano de Michelangelo Antonioni), ele também fez mais de 100 aparições em séries, além de inúmeras peças de teatro.
Graças à expressão marcada por bolsas profundas sob os olhos, Hall sempre pareceu mais velho, mesmo antes de ter a idade equivalente, o que fez sua carreira ser marcada por papéis de autoridades, como juízes, padres, médicos, generais, diretores da CIA e até um presidente dos EUA. Hall interpretou Richard Nixon na aclamada peça “A Honra Secreta” e reprisou o papel do presidente desonrado no cinema em 1984, na adaptação do diretor Robert Altman.
Dirigido por muitos cineastas renomados, ele teve sua parceria mais significativa com Paul Thomas Anderson, que conheceu quando este ainda era assistente de produção no canal público PBS. Os dois costumavam compartilhar cafés após o expediente e esta experiência resultou no curta “Cigarettes & Coffee” em 1993. Depois disso, Hall estrelou os três primeiros longas de Anderson: “Jogada de Risco” (1996), “Boogie Nights” (1997) e “Magnolia” (1999), todos aclamados pela crítica.
O sucesso, entretanto, também serviu para interromper a parceria, pois Hall se tornou bastante requisitado em Hollywood, lotando a agenda de trabalhos. Só em 1998 foram 10 filmes, seguidos por mais 7 em 1999.
Sua filmografia explodiu com blockbusters e obras premiadas como “O Show de Truman” (1998), de Peter Weir, “A Hora do Rush” (1998), de Brett Ratner, “O Informante” (1999) de Michael Mann, “O Talentoso Ripley” (1999), de Anthony Minghela, “Regras do Jogo” (2000), de William Friedkin, “A Soma de Todos os Medos” (2002), de Phil Alden Robinson, “Todo Poderoso” (2003), de Tom Shadyac, “Dogville” (2003), de Lars Von Trier, e até dois filmes sobre um dos mais famosos serial killers dos anos 1960 – “O Zodíaco” (2005) e “Zodíaco” (2007), este dirigido por David Fincher.
Hall também teve presença constante na TV desde os anos 1970, participando principalmente de episódios de comédias clássicas (“Good Times”, “M*A*S*H”, “Cheers”), dramas (“The Waltons”, “Chicago Hope”, “The West Wing”) e séries policiais (“Matlock”, “Miami Vice”, “Cagney & Lacey”, “Carro Comando”, “LA Law”, “Assassinato por Escrito”). Mas nenhuma dessas aparições se comparou à repercussão de sua participação em “Seinfeld”.
Hall roubou as cenas num episódio célebre de 1991, como um investigador de biblioteca chamado Joe Bookman, que persegue Jerry Seinfeld obstinadamente em busca de um livro que o comediante pegou emprestado há 20 anos. A participação chamou tanta atenção que Hall foi convidado a repeti-la no capítulo final de “Seinfeld”, exibido em 1998. Além disso, o criador da série, Larry David, o convocou a viver seu médico em dois dos episódios mais hilários de “Curb Your Enthusiam” (em 2004 e 2009).
Durante sua trajetória televisiva, o ator teve poucos papéis fixos ou recorrentes. Entre os recontes estão o personagem Ed Meyers em “Falcon Crest” (entre 1989 e 1990), um juíz em “O Desafio” (em 1997), um médico em “Everwood” (entre 2003 e 2004) e um vizinho rabugento de “Modern Family” (entre 2011 e 2012). Já os fixos foram em séries que não passaram da 2ª temporada, com destaque para a comédia “The Loop” (2006–2007) e a recente drama “Messiah” (2020), da Netflix, seu último trabalho nas telas.
Ele não deixou obras incompletas. Seus cinco filmes finais foram “Os Pinguins do Papai” (2011), com Jim Carrey, “50%” (2011), com Joseph Gordon-Levitt e Seth Rogen, “Argo” (2012), de Ben Affleck, “Palavrões” (2013), estreia do ator Jason Bateman na direção, e “A Última Palavra” (2017), de Mark Pellington, em que contracenou com uma das atrizes que idolatrava na juventude, Shirley MacLaine.