A atriz Dakota Johnson revelou ter se decepcionado ao estrelar a trilogia “Cinquenta Tons de Cinza”, mas não por causa das cenas de nudez e sexo. Em entrevista à revista Vanity Fair, ela confessou ter ficado chateada com a breguice da produção.
Johnson afirmou que fez os testes para estrelar uma versão em diferente da que foi exibida nas telas. “Quando fiz o teste para esse filme, li um monólogo de ‘Quando Duas Mulheres Pecam’ e eu fiquei tipo, ‘Ah, isso vai ser muito especial’”, explicou. A obra citada por Johnson é um clássico de Ingmar Bergman, de 1966, aclamado pela crítica.
“Se eu soubesse, na época, que seria daquele jeito, acho que ninguém teria feito (o filme)”, declarou.
A intérprete de Anastasia Steele foi clara sobre sua desinibição para o papel. “Sou uma pessoa sexual e quando estou interessada em algo, quero saber tudo sobre aquilo”, explicou. “É por isso que eu fiz aqueles ‘filmes peladões’”.
Sobre o que deu errado, ela destacou a influência da escritora E.L. Jones, autora dos livros, nos rumos da produção. “Ela tinha muito controle criativo, o dia todo, todos os dias, e ela apenas exigia que certas coisas acontecessem. Havia partes dos livros que simplesmente não funcionariam no filme, como o monólogo interno, que às vezes era incrivelmente brega”, declarou Dakota.
Ao final, o roteiro foi mudando, mudando… “Sempre foi uma batalha. Sempre”, desabafou. Até que Charlie Hunnam, de “Sons of Anarchy”, desistiu de viver Christian Grey e, de acordo com Dakota, E.L. James ficou tão furiosa com sua saída que descartou o roteiro original feito por Patrick Marber. E a partir daí tudo começou a ir ladeira abaixo.
De acordo com a atriz, a única cena do roteiro original que entrou no primeiro longa foi a negociação entre Anastasia e Christian para seu contrato sexual. “E é a melhor cena de todo o filme”, opinou.
Sobre o parceiro de cena Jamie Dornan, intérprete de Christian Grey, a atriz não poupou elogios: “Nunca houve um momento em que não nos demos bem. Eu sei que é estranho, mas ele é como um irmão para mim. Eu o amo tanto, tanto, tanto. E nós estávamos realmente lá um para o outro. Tínhamos que realmente confiar um no outro e nos proteger”.
“Nós fazíamos as tomadas do filme que Erika (nome de E.L. James) queria fazer, e então fazíamos as tomadas do filme que queríamos fazer”, revelou Johnson. “Na noite anterior, eu reescrevia cenas de diálogo para adicionar uma linha aqui e ali. Era um caos o tempo todo”, acrescentou.
“Há coisas que ainda não posso dizer porque não quero prejudicar a carreira de ninguém e não quero prejudicar a reputação de ninguém, mas Jamie e eu fomos muito bem tratados. Erika é uma mulher muito legal, e ela sempre foi gentil comigo e sou grata por ela querer que eu estivesse nesses filmes”, declarou Johnson.
Mas ressaltou que teve dificuldades com a troca da diretora Sam Taylor-Johnson, responsável pelo primeiro filme, por Sam Foley, que encerrou a trilogia. “Era diferente fazer essas coisas bizarras com um homem atrás da câmera. Apenas uma energia diferente”, explicou.
“Eu era jovem. Eu tinha 23 anos. Então foi assustador”, ela ponderou. “Acabou se tornando algo louco”, admitiu. “Houve muitas divergências. Nunca consegui falar sobre isso com sinceridade, porque você quer promover um filme da maneira certa, e estou orgulhosa do que fizemos no final das contas e tudo acaba do jeito que deveria, mas foi complicado”, explicou.
“Olha, foi ótimo para nossas carreiras. Tão incrível. Fui sortuda. Mas foi estranho. Tão, tão estranho”, completou.
O lançamento mais recente de Dakota Johnson, “Cha Cha Real Smooth”, foi premiado no Festival de Sundance no começo do ano e disponibilizado há menos de duas semanas em streaming pela Apple TV+. A seguir, ela será vista em “Persuasão”, adaptação do romance de Jane Austen que chega na Netflix em 15 de julho. E em breve começará a filmar “Madame Teia”, produção da Sony baseada nos quadrinhos do Homem-Aranha.