O Festival de Cannes tornou-se a mais recente organização internacional a expressar sua solidariedade com a Ucrânia e anunciar boicotes contra a Rússia.
Em um comunicado divulgado nesta terça-feira (1/3), a organização do evento apontou que, a menos que a invasão russa termine com condições aceitáveis para a Ucrânia, não receberia nenhuma delegação russa ou qualquer pessoa ligada ao governo russo em sua edição de 2022.
Ao mesmo tempo, estendeu seu apoio a artistas e profissionais de cinema russos que “nunca deixaram de lutar contra” o regime de Putin, e não comentou se iria banir filmes russos da seleção oficial.
Outros festivais de cinema, como os realizados em Estocolmo, na Suécia, e Glasgow, na Escócia, atenderam de forma integral ao apelo da Academia Ucraniana de Cinema e barraram a exibição de filmes russos em seus eventos, enquanto os maiores estúdios de cinema de Hollywood tem se solidarizado num boicote ao circuito exibidor russo, suspendendo seus lançamentos no país.
O início do Festival de Cannes deste ano está marcado para o dia 17 de maio.
Leia abaixo a íntegra do comunicado do evento.
“Como o mundo foi atingido por uma forte crise em que uma parte da Europa se encontra em estado de guerra, o Festival de Cannes deseja estender todo o seu apoio ao povo da Ucrânia e a todos aqueles que estão em seu território.
Por mais modesto que sejamos, unimos nossas vozes aos que se opõem a essa situação inaceitável e denunciamos a atitude da Rússia e de seus líderes.
Nossos pensamentos vão em particular para os artistas e profissionais da indústria cinematográfica ucraniana, bem como para suas famílias, cujas vidas estão agora em perigo. Há aqueles que nunca conhecemos, e aqueles que conhecemos e recebemos em Cannes, que vieram com obras que dizem muito sobre a história e o presente da Ucrânia.
Durante este inverno de 2022, o Festival de Cannes entrou em sua fase de preparação. A menos que a guerra termine em condições que satisfaçam o povo ucraniano, foi decidido que não receberemos delegações oficiais russas nem aceitaremos a presença de qualquer pessoa ligada ao governo russo.
No entanto, gostaríamos de saudar a coragem de todos aqueles na Rússia que correram riscos para protestar contra o ataque e invasão da Ucrânia. Entre eles estão artistas e profissionais do cinema que nunca deixaram de lutar contra o regime contemporâneo, que não podem ser associados a essas ações insuportáveis e aqueles que estão bombardeando a Ucrânia.
Fiel à sua história que começou em 1939 na resistência à ditadura fascista e nazista, o Festival de Cannes sempre servirá artistas e profissionais da indústria que levantam suas vozes para denunciar a violência, a repressão e as injustiças, com o objetivo principal de defender a paz e a liberdade”.