O anúncio da aposentadoria de Bruce Willis após ser diagnosticado com afasia foi uma surpresa para os fãs do ator, mas o Los Angeles Times revelou nesta quinta (31/3) que quem trabalhou com ele nos últimos dois anos já percebia claramente que havia algo errado.
O jornal entrevistou mais de 20 pessoas que filmaram com Bruce Willis nos últimos anos, e os depoimentos revelam que sua capacidade cognitiva já estava se deteriorando. Segundo os relatos, o ator se esquecia de suas falas, tinha apagões e por vezes não conseguia lembrar o motivo de estar no set, e até disparou uma arma cenográfica fora de hora.
As fontes ouvidas pela reportagem afirmam que o ator precisava usar um ponto (fone) na orelha para que alguém ditasse suas falas, que ele não conseguia mais decorar. Dois membros da equipe do filme “White Elephant” dizem que, durante a gravação no ano passado, o ator questionava: “Eu sei por que você está aqui, e eu sei por que você está aqui, mas por que eu estou aqui?”.
“Não ficamos irritados, mas foi mais tipo: ‘Como podemos evitar que a imagem de Bruce fique manchada?’. Alguém dizia a fala para ele e ele não conseguia entender o significado. Ele era um marionete”, disse o integrante da equipe, que não foi identificado.
O diretor Jesse V. Johnson, responsável por “White Elephant”, disse que, depois dessa experiência, se recusou a trabalhar com o ator novamente: “Todos somos fãs de Bruce Willis, mas o acordo parecia errado e uma forma triste de terminar uma carreira incrível. Nenhum de nós se sentiu confortável”.
No filme “Difícil de Matar” (2020), Bruce Willis interpretou o pai da atriz Lala Kent. Em uma das cenas, ele deveria dizer uma determinada fala antes de disparar uma arma cenográfica — a fala seria a deixa da atriz para se abaixar.
No entanto, mais de uma vez, ele se esqueceu de dizer a fala e disparou balas de festim nas costas dela: “Da primeira vez, eu disse que tudo bem, vamos começar de novo”, conta a atriz. Ela pediu para o diretor lembrá-lo da fala, mas não funcionou.
O diretor não se pronunciou sobre o caso, e o armeiro da produção negou que o acidente tenha acontecido. No entanto, alguns membros da equipe confirmaram o caso sem se identificarem, e um deles acrescentou: “Sempre garantíamos que ninguém estivesse na frente dele quando ele estava manuseando armas”.
Mike Burns, o diretor de “Out of Death”, chegou a receber um pedido da produção para simplificar todos os diálogos de Willis. “Após o primeiro dia de trabalho com Bruce, pude ver em primeira mão que havia um problema grave e entender porque me pediram para encurtar suas falas”, disse Burns, que também precisou comprimir todas as cenas de Willis – cerca de 25 páginas de diálogo – em um dia de filmagem para o ator não se esquecer porque estava no set.