Margarita Lozano (1931-2022)

A atriz Margarita Lozano, que atuou em vários clássicos do cinema europeu, morreu na madrugada desta segunda-feira (7/2) em Lorca, na Espanha, aos 91 anos. Nascida no então protetorado espanhol de Marrocos, […]

Divulgação/Criterion

A atriz Margarita Lozano, que atuou em vários clássicos do cinema europeu, morreu na madrugada desta segunda-feira (7/2) em Lorca, na Espanha, aos 91 anos.

Nascida no então protetorado espanhol de Marrocos, Lozano mudou-se para Madri com 19 anos, visando se tornar atriz, e um ano depois iniciou a carreira cinematográfica, no começo da década de 1950.

Focada em melodramas e aventuras descartáveis, sua filmografia começou a mudar de rumo a partir do clássico “Veridiana” (1961), de Luis Buñuel, em que desempenhou um papel coadjuvante, como criada, após uma década de atuação.

Ela também coadjuvou em “Noite de Verão” (1963), de Jorge Grau, e “Paixão Proibida” (1963), de Francisco Rovira Beleta, que disputou o Oscar de Melhor Filme em Língua Estrangeira.

A projeção desses filmes lhe abriu as portas do mercado italiano, que na época representava a indústria cinematográfica mais bem-sucedida da Europa.

Sergio Leone a escalou em seu primeiro western spaghetti, o icônico “Por Um Punhado de Dólares” (1964), estrelado por Clint Eastwood. E ela acabou virando estrela frequente de filmes italianos, desde produções comerciais como o thriller “Resgate de uma Vida” (1968) com Franco Nero e a inglesa Charlotte Rampling, até dramas premiadíssimos, como “Diário de uma Garota Esquizofrênica” (1968), de Nelo Risi.

Entre os filmes dessa fase, destaca-se o controvertido “Pocilga” (1969), de Pier Paulo Pasolini.

Lozano sumiu das telas nos anos seguintes, voltando apenas na década de 1980 em nova leva de clássicos.

Seu retorno se deu em nada menos que “A Noite de São Lourenço” (1982), dos irmãos Taviani, premiado no Festival de Cannes e vencedor de seis troféus David di Donatello (o Oscar Italiano), incluindo Melhor Filme. A parceria com Paolo e Vittorio Taviani ainda se estendeu para “Kaos” (1984), “Bom Dia Babilônia” (1987) e “Noites Com Sol” (1990).

Também atuou no cultuado “A Missa Acabou” (1985), de Nanni Moretti, premiado no Festival de Berlim, e filmou em francês duas das melhores obras de Claude Berri, “Jean de Florette” (1986) e “A Vingança de Manon” (1986).

No mesmo ano intenso, ainda integrou o sucesso “Aldo Moro – Herói e Vítima da Democracia”, de Giuseppe Ferrara, e o drama espanhol “A Metade do Céu”, de Manuel Gutiérrez Aragón, vencedor do Festival de San Sebastián, que lhe rendeu prêmios de Melhor Atriz Coadjuvante.

Apesar de diminuir o ritmo a partir da década de 1990, fez mais seis longas, despedindo-se das telas em 2006 com “Meu Caso com o Imperador”, de Paolo Virzi.

Em junho passado, ela foi homenageada pelo governo espanhol, recebendo do Conselho de Ministros a Medalha de Ouro das Belas Artes, como reconhecimento pelas realizações profissionais.