O comentarista político e ex-BBB Adrilles Jorge foi demitido da Jovem Pan e virou alvo de uma investigação instaurada pelo Gecradi (Grupo Especial de Combate aos Crimes Raciais e de Inteligência), braço do MP-SP (Ministério Público de São Paulo) após encerrar sua participação num programa do canal de notícias com uma suposta saudação nazista.
A saudação foi feita durante o programa “Opinião” de terça-feira (8/2), enquanto Adrilles falava sobre o caso de Monark, também desligado do podcast “Flow” por apologia ao nazismo.
A discussão girava em torno da legalização do partido nazista no Brasil, defendida por Monark antes de ser demitido. “O nazismo matou 6 milhões de judeus, o comunismo matou mais de 100 milhões de pessoas e hoje é visto aqui no Brasil como uma coisa livre, absolutamente liberada, com partidos normalizados”, disse Ardilles antes de ser interrompido.
O gesto polêmico aconteceu após o apresentador William Travassos interromper a fala do ex-BBB, anunciando que o programa está acabando. Neste momento, Adrilles levou a mão estendida à altura do rosto, num gesto parecido com o Sieg Heil, expressão alemã que significa “salve a vitória”, muito utilizada no período Nazista como uma saudação de Hitler.
Travassos, surpreso, comenta: “Surreal, Adrilles”. E o comentarista ainda ri, antes do programa sair do ar.
“Estarrecida”, a Confederação Israelita do Brasil (Conib) condenou “o gesto repugnante de saudação nazista feito por Adrilles Jorge em programa da Jovem Pan”.
Com a repercussão do episódio, Adrilles negou que o gesto tivesse relação com o nazismo e disse que estava apenas dando “tchau”.
“A insanidade dos canceladores ultrapassou o limite da loucura. Depois de um discurso meu veemente contra qualquer defesa de nazismo, um tchau é interpretado como um saudação nazista. Nazista é a sanha canceladora que não enxerga o próprio senso assassino do ridículo”, ele postou no Twitter.
Após a demissão, o Grupo Jovem Pan afirmou em comunicado que “repudia qualquer manifestação em defesa do nazismo e suas ideias”.
Infelizmente, os casos de Adrilles e de Monark não são exceções. Um dado assustador marca o período que se segue à eleição de Bolsonaro, quando houve um crescimento de 270,6% no número de grupos neonazistas e pessoas que defendem abertamente o nazismo no Brasil, segundo um mapa elaborado pela antropóloga Adriana Dias, que revelou a existência de pelo menos 530 núcleos extremistas no país. O clima é tão perigoso que até a “cobertura” do “BBB 22” ganhou um site exclusivo em tom neonazista horripilante.
Além disso, dados obtidos pela agência Fiquem Sabendo mostram que o número de inquéritos instaurados na Polícia Federal relacionados à apologia ao nazismo subiu de 17 para 93 casos nos últimos três anos.