A Somália realizou sua primeira exibição de filme em 30 anos na quarta-feira (23/9).
O evento foi realizado no Teatro Nacional da Somália, em Mogadíscio, sob forte segurança, enquanto a capital devastada pela guerra civil sonha com uma renovação cultural. O local representa a resistência da Cultura do país, após ter sido alvo de ataque de homens-bomba.
A sessão simbólica exibiu dois curtas-metragens do diretor somali IBrahim CM – o terror “Hoos”, sobre uma mulher solteira que se muda para uma casa vazia, e uma comédia intitulada “Date from Hell” – com ingressos vendidos por US$ 10, caro para muitos.
Os dois filmes foram escritos e estrelados por Kaif Jama, uma atriz de 24 anos que deixou a Somália quando tinha seis e circulou entre o Quênia e Uganda até se estabelecer no Cairo aos 19 anos. Desde então, ela já fez 60 curtas-metragens e esquetes com o cineasta Ibrahim CM. É a primeira vez que uma obra da dupla foi exibida em seu país natal.
Mogadíscio já teve muitas salas de cinema durante seu apogeu cultural, mas todas fecharam depois que a guerra civil estourou em 1991. O próprio Teatro Nacional – construído por engenheiros chineses como um presente de Mao Zedong em 1967 -, que hospedava concertos e peças de teatro ao vivo, foi ocupada por facções dos senhores da guerra, que o transformaram em base militar até cair em ruínas. Ele foi reaberto em 2012, mas duas semanas depois foi explodido por jihadistas da Al Shabaab.
O grupo islâmico ligado à Al Qaeda lança ataques regulares em Mogadíscio e considera qualquer forma de entretenimento uma atividade do mal.
Apesar de expulsos de Mogadíscio há uma década, ainda mantêm o controle de áreas rurais e se perpetuam como ameaça à volta definitiva das atividades culturais na Somália.