A atriz Marilyn Eastman, que lutou contra zumbis na frente e atrás das câmeras no clássico “A Noite dos Mortos-Vivos”, morreu no domingo (22/8) enquanto dormia em sua casa em Tampa, na Flórida, aos 87 anos.
Ela foi vice-presidente e diretora de criação da Hardman Associates, uma produtora de filmes criada com seu parceiro de negócios e de vida Karl Hardman nos anos 1960. Os dois se juntaram ao diretor George A. Romero, ao roteirista John A. Russo e ao produtor Russel Streiner para formar a Image Ten Productions e reunir os US$ 6 mil necessários para iniciar a produção de “Night of the Flesh Eaters”, um terror barato em preto e branco, que virou um fenômeno de bilheteria, mudou a história de cinema e, apesar disso, não rendeu um centavo para seus investidores.
Eastman deu duro para garantir que o filme fosse o melhor possível. Além de entrar com dinheiro, ela ajudou nos departamentos de maquiagem, adereços e som, e ainda interpretou uma das protagonistas: Helen Cooper, que encontra seu fim no porão de uma casa de fazenda na Pensilvânia, morta pela própria filha zumbi. Por curiosidade, seu marido no filme, considerado o grande vilão da história, foi interpretado por seu sócio Hardman. Para completar, depois de sua personagem morrer, ela ainda apareceu como um zumbi comedor de insetos.
A produção modesta inventou os filmes de zumbis modernos ao estrear nos cinemas em 1968. Até então, zumbis eram monstros sobrenaturais de filmes de vudu, relacionados à sacerdotes mágicos do Haiti – como no clássico “Zumbi, A Legião dos Mortos” (1932). O terror dirigido e coescrito por George A. Romero tirou os elementos místicos, trocando-os por ficção científica. Uma contaminação e não um ritual transformava as pessoas em seu clássico. E a infecção se espalhava por contágio, originando uma epidemia.
O diretor nem sequer usa a palavra zumbi em seu filme, para evitar a comparação com o vudu. Eram mortos-vivos. Outros detalhes incluídos no filme mencionavam que os mortos-vivos eram lentos e famintos por carne humana, uma mordida ou arranhão podia transformar qualquer pessoa numa desses monstros e eles só paravam com um tiro na cabeça.
Multidões lotaram os cinemas para assistir ao lançamento nas sessões da meia-noite do final da década de 1960. Mas a Image Ten ficou sem os direitos da produção por um descuido. A produtora permitiu que os distribuidores mudassem o título de “Night of the Flesh Eaters” para “Night of the Living Dead”, literalmente “A Noite dos Mortos-Vivos”. Era um título melhor, mas não estava registrado.
Sem dinheiro, a produtora faliu e Eastman só foi voltar aos cinemas nos anos 1990, fazendo uma pequena participação como atriz na comédia “Hóspede por Acaso” (1995) e um último papel mais substancial no terror “Santa Claws” (1996), dirigido por John A. Russo, o roteirista de “A Noite dos Mortos-Vivos”.
Seu parceiro Hardman morreu em setembro de 2007 e a fundação Fundação George A. Romero também lembrou dele ao tuitar uma homenagem à estrela.
“Boa viagem, Marilyn. Dê o nosso amor a Karl”, tuitou a organização após a confirmação da morte da atriz-produtora.
It is with great sadness that we can confirm the passing of Marilyn Eastman on 8/22/21. Please join us in wishing her family peace at this painful time.
Godspeed, Marilyn. Give our love to Karl. 💔 pic.twitter.com/qBidxsEIW3— The George A. Romero Foundation (@theGARFofficial) August 23, 2021