A Polícia Civil da Paraíba determinou a abertura de uma investigação criminal contra a atriz Antonia Fontenelle pelo uso de “expressões aparentemente preconceituosas e xenofóbicas” em uma fala sobre o DJ Ivis, preso na quarta (14/7) e investigado por agredir a mulher.
O inquérito será realizado na Delegacia Especializada de Crimes Homofóbicos, Raciais e Étnicos.
Ao comentar a agressão de Ivis, Fontenelle se manifestou da seguinte forma: “Esses paraíbas fazem um pouquinho de sucesso e acham que podem tudo”.
Posteriormente, ela tentou se justificar no Instagram. “Paraíba é força de expressão, quem faz ‘paraibada’, como por exemplo bater em mulher. Esses machos escrotos que ganham uns trocados e acham que podem tudo”, disse.
A justificativa teria reincidido na xenofobia, como a vencedora do “BBB 21” Juliette Freire comentou, sem citar o nome da ofensora, nas redes sociais.
“Não é força de expressão, é xenofobia. Não existe ‘ser Paraíba’ e ‘fazer paraibada’. Existe ser PARAIBANA/O, o que sou com muito orgulho. Tire seu preconceito do caminho, que vamos passar com a nossa cultura e não vamos tolerar atitudes machistas e xenofóbicas de lugar algum….”
No Stories do Instagram, Juliette completou: “Essa não é a primeira vez que eu escuto alguém usar o termo ‘Paraíba’ de forma pejorativa. Paraíba é o estado, nós somos paraibanas. Se você quer usar um termo ruim, use agressor, criminoso.”
“Procure qualquer outro, isso não é brincadeira, isso não é leve, isso machuca e reproduz um discurso de ódio e xenofóbico. ‘Ah, foi sem maldade’. Pouco importa. É sem maldade, mas machuca”, concluiu ela.
Paraibana, Elba Ramalho também se pronunciou contra a fala de Fontenelle. “Paraibada não existe, e xenofobia é crime. Paraibada não, paraibanos com muito orgulho”, escreveu a cantora em seus Stories do Instagram.
Em vez de admitir o equívoco, Fontenelle mencionou lacração em novos postos do Stories e chamou Juliette de “covarde” por acusá-la de xenofobia. “O certo, como mulher, se você fizesse jus à oportunidade que Deus te deu, de ter mais de 30 milhões de pessoas te seguindo, é que você viesse como mulher execrar a atitude desse macho escroto e agressor de mulher”, ela afirmou.
O delegado responsável pelo caso, Pedro Ivo, explicou à imprensa: “Expressões como ‘paraibada’, como ‘esse Paraíba’, são expressões que aparentemente caracterizam crime previsto no artigo 20 da Lei 7716 de 1989, a chamada Lei do Racismo, que prevê penas para condutas criminosas de intolerância em geral”.
Em nota, o advogado de Antonia Fontenelle disse que ela estava sendo vítima de calúnia.
“A Antonia está sendo vítima de calúnia, pois teve a fala deturpada e retirada de um contexto, quando manifestou indignação nas redes sociais a respeito da violência doméstica praticado pelo DJ Ivis contra a esposa, fato divulgado em mídia nacional. Ela jamais teve a intenção de ofender o povo da Paraíba, apenas manifestou opinião sobre o covarde comportamento de um paraibano em específico, do qual temos certeza que não é orgulho para nenhum de seus conterrâneos no momento. O Delegado que determinou a instauração do inquérito policial certamente está sendo induzido a erro, mudaram o foco da questão. Com a investigação será elucidado o fato específico, minha cliente não cometeu o suposto crime alegado. A situação vem causando um abalo imensurável a honra de Antonia, e eventual denunciação caluniosa será apurada, sob as penas da Lei”.
Não é à primeira vez que Antonia Fontenelle é investigada por xenofobia. Anteriormente, ela escreveu nas redes sociais: “Volta para o seu país, é o melhor que você faz”, referindo-se à atriz Giselle Itié, que nasceu no México.
Por conta desta declaração, ela foi indiciada em fevereiro pelos crimes de racismo e xenofobia pela Decradi (Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância), mas acabou inocentada no começo deste mês.