Filme de terror vence o Festival de Cannes 2021

O Festival de Cannes 2021 terminou em clima de terror com a premiação de “Titane”, de Julia Ducournau, com a Palma de Ouro de Melhor Filme. O filme radicaliza o estilo repulsivo […]

Divulgação/Altitude Films

O Festival de Cannes 2021 terminou em clima de terror com a premiação de “Titane”, de Julia Ducournau, com a Palma de Ouro de Melhor Filme.

O filme radicaliza o estilo repulsivo de “Raw”, longa de estreia da Ducournau que deu muito o que falar ao ser lançado na seção Semana da Crítica de Cannes em 2016. A trama combina terror corporal, filme de serial killer feminina, fetiche sexual por carros e é estrelado pelo veterano Vincent Lindon (“O Valor de um Homem”) e a estreante Agathe Rousselle.

Com a vitória, a cineasta francesa se tornou a segunda mulher vencedora da Palma de Ouro. Antes dela, apenas a neozelandesa Jane Campion tinha realizado a façanha, ao vencer em 1993 por “O Piano”.

Marcada por uma gafe do presidente do júri Spike Lee, que revelou o resultado antes da hora, a Palma de Ouro também foi a segunda consecutiva da distribuidora americana Neon, que adquiriu os direitos da “Titane” para os Estados Unidos. A Neon tinha adquirido anteriormente “Parasita”, de Bong Joon-Ho, que depois de vencer o festival francês ainda conquistou o Oscar.

Por falar em Oscar, um dos filmes consagrados no evento foi “A Hero”, novo drama do iraniano Asghar Farhadi, que já venceu duas vezes o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro (por “A Separação” e “O Apartamento”).

Farhadi conquistou o Grand Prix (Grande Prêmio do Júri), considerado o 2º lugar da competição. Mas neste ano o júri resolveu fazer dobradinha em seus troféus, compartilhando a premiação com “Compartment No. 6”, do finlandês Juho Kuosmanen. Curiosamente, este filme também é uma continuação de um longa de 2016, “O Dia Mais Feliz na Vida de Olli Mäki”, vencedor da mostra Um Certo Olhar no próprio Festival de Cannes.

Dois filmes também dividiram o Prêmio do Júri, geralmente o 3º lugar da mostra competitiva: “Memoria”, do filipino Apichatpong Weerasethakul (que já venceu a Palma de Ouro com “Tio Boonmee, Que Pode Recordar Suas Vidas Passadas”, em 2010) e “Ahed’s Knee”, do isralense Nadav Lapid (vencedor do Urso de Ouro do Festival de Berlim com “Synonymes” em 2019).

O cineasta francês Leos Carax, que abriu o festival com o drama musical “Annette”, ficou com o prêmio de Melhor Direção.

O americano Caleb Landry Jones foi considerado o Melhor Ator por “Nitram”, do australiano Justin Kurzel, em que retratou o assassino perturbado responsável pelo massacre de Port Arthur em 1996 na Tasmânia, o pior tiroteio em massa na história moderna da Austrália.

Já o prêmio de Melhor Atriz ficou com Renate Reinste por “The Worst Person in the World”, uma comédia romântica e sombria do dinamarquês Joachim Trier.

O curta-metragem brasileiro “Céu de Agosto”, da diretora e roteirista Jasmin Tenucci, também foi lembrado na cerimônia de encerramento com uma Menção Honrosa do Júri. Coprodução entre Brasil e Islândia, o curta conta a história de uma enfermeira grávida que lida com uma crescente ansiedade – e já tinha sido exibido no início deste ano na edição online da Mostra Tiradentes.

O júri ainda reconheceu “Murina”, da croata radicada nos EUA Antoneta Alamat Kusijanovic, com a Câmera de Ouro, troféu que destaca o melhor filme de estreia do festival. A complicada relação entre pai e filha é outra coprodução brasileira, financiada pela RT Features de Rodrigo Teixeira, em parceria, entre outros, com o cineasta Martin Scorsese.

O Brasil também comparece com coprodução premiada nas mostras paralelas do festival. Homenageado com uma Menção Especial na seção Um Certo Olhar, “Noche de Fuego”, da salvadorenha radicada no México Tatiana Huezo, é uma parceria da produtora brasileira Desvia, de Gabriel Mascaro e Rachel Ellis, com a mexicana Pimienta Films. O longa conta a história de uma menina, que vive com sua mãe em uma região montanhosa do México, dominada pelo crime organizado, e já tem distribuição confirmada no Brasil pela Vitrine Filmes.

O vencedor da Um Certo Olhar, seção destinada a trabalhos mais experimentais, foi o drama russo “Unclenching the Fists”, de Kira Kovalenko. Com isso, tanto a mostra competitiva como a principal seção paralela de Cannes foram vencidas por obras de cineastas femininas.

Veja abaixo a lista dos premiados do Festival de Cannes.

MOSTRA COMPETITIVA

Palma de Ouro (Melhor Filme)
“Titane”, de Julia Ducournau

Grande Prêmio do Júri (2º Lugar)
“A Hero”, de Asghar Farhadi
“Compartment No. 6”, de Juho Kuosmanen

Prêmio do Júri (3º Lugar)

Melhor Diretor
Leos Carox, por “Annette”

Melhor Roteiro
Hamaguchi Ryusuke e Takamasa Oe, por “Drive My Car”

Melhor Atriz
Renate Reinste, por “The Worst Person in the World”

Melhor Ator
Caleb Landry Jones, por “Nitram”

Câmera de Ouro (Melhor Filme de Estreia)
“Murina”, de Antoneta Alamat Kusijanovic

Palma de Ouro Honorária
Marco Bellocchio

MOSTRA UM CERTO OLHAR

Melhor Filme
“Unclenching the Fists”, de Kira Kovalenko

Prêmio do Júri
“Great Freedom”, de Sebastian Meise

Menção Especial
“Noche de Fuego”, de Tatiana Huezo

Prêmio de Melhor Conjunto
“Good Mother”, de Hafsia Herzi

Prêmio Coragem
“La Civil”, de Teodora Ana Mihai

Prêmio de Originalidade
“Lamb”, de Valdimar Jóhannsson