Tempest Storm (1928–2021)

A pin-up Tempest Storm, ícone do teatro burlesco americano, conhecida por seus cabelos de fogo e por ter estrelado filmes de Russ Meyer e Irving Klaw, morreu na terça (20/4) em seu […]

Divulgação/Mongrel Media

A pin-up Tempest Storm, ícone do teatro burlesco americano, conhecida por seus cabelos de fogo e por ter estrelado filmes de Russ Meyer e Irving Klaw, morreu na terça (20/4) em seu apartamento em Las Vegas aos 93 anos.

A artista sofria de demência e recentemente foi submetida a uma cirurgia no quadril.

Nascida Annie Blanche Banks em Eastman, Geórgia, ela se mudou para Hollywood aos 20 anos, já divorciada duas vezes. O dinheiro como garçonete não pagava as contas e, assim, virou stripper no Follies Theatre, adotando o nome artístico Tempest Storm no final dos anos 1940.

Suas apresentações burlescas a tornaram amiga de várias celebridades de Hollywood, desde a vizinha Marilyn Monroe até Frank Sinatra. Mas foi o diretor e produtor Russ Meyer quem teve a ideia de levá-la ao cinema, escalando-a em seus primeiros documentários de exploitation (exploração sexual), que registravam espetáculos de striptease e alimentavam o fetiche de mulheres de seios grandes. Sua estreia foi no curta “The French Peep Show” (1949), de Meyer, logo seguida pelos longas “Strip Strip Hooray” (1950), “Striptease Girl” (1952), “A Night in Hollywood” (1953) e muitos outros.

Em 1955, ela chegou a dividir a tela com outra pin-up icônica, Bettie Page, no clássico “Teaserama” de Irving Klaw.

Ela também estrelou “Buxom Beauties” (1956), de Klaw, no ano em que, de acordo com Review-Journal, tornou-se a artista burlesca mais bem pago da história, com um contrato de US$ 100 mil por 10 anos com a produtora burlesca Bryan-Engels.

Em 1957, Storm começou a se apresentar em espetáculos exclusivos no Dunes Hotel and Casino, em Las Vegas, mantendo-se como uma das atrações principais da Cidade do Pecado até o final dos anos 1980.

Dois anos após a estreia no Dunes, ela se casou com Herb Jeffries, um cantor de jazz da Orquestra de Duke Ellington. Mais tarde, disse que o casamento lhe custou um empresário e uma carreira no cinema porque Jeffries era negro.

Sua lista de amantes conhecidos – ou pelo menos muito comentados – também inclui Elvis Presley, Mickey Rooney, Louis Armstrong, Sammy Davis Jr., o gangster Mickey Cohen e até o presidente John F. Kennedy.

Em uma entrevista deste século, ela lembrou uma piada que Frank Sinatra costumava contar quando a apresentava ao público durante participações em seus shows. Ele a introduzia dizendo: “Ela me ensinou a me vestir”. E quando a multidão aplaudia, Sinatra acrescentava: “Vocês pensaram que eu ia dizer que ela me ensinou a me despir!”

Embora tenha feito consideravelmente muitos filmes, Storm atuou pouco, pois a maior parte de sua filmografia foram registros documentais. Mesmo assim, participou de filmes de ficção, todos de títulos sugestivos, como “Paris After Midnight” (1951), “Paris Topless” (1966) e “Mundo Depravados” (1967).

Nos anos 1970, Storm mudou de público, virando musa do rock. Em 1973, chegou a compartilhar uma turnê com a banda James Gang, que incluiu uma parada no Carnegie Hall de Nova York. “Essa foi a melhor apresentação”, ela disse mais tarde. “Que emoção.”

Sua última apresentação ao vivo aconteceu em junho de 2010 durante um show de ícones do Burlesque Hall of Fame. Naquela noite, ela fraturou o quadril esquerdo, encerrando suas aparições no palco.

Mas ela continuou aparecendo na mídia. Em 2011, foi entrevistada pelo roqueiro Jack White para um álbum chamado “Interview With Tempest Storm”, lançado pela própria empresa do guitarrista. E em 2016 sua vida foi tema de um documentário, “Tempest Storm: Burlesque Queen”, dirigido pela cineasta canadense Nimisha Mukerji e premiado no festival Hot Docs. O trailer do filme pode ser visto abaixo.