Não é segredo que Quentin Tarantino é um ávido defensor da filmagem tradicional em celuloide e nunca escondeu sua aversão à cinematografia digital. Em uma entrevista coletiva no Festival de Cannes 2014, o diretor de “Era uma Vez em… Hollywood” chegou a dizer: “Para mim, a projeção digital é a morte do cinema. O fato de a maioria dos filmes não ser mais apresentada em 35 mm significa que o mundo está perdido. A projeção digital é apenas a televisão no cinema.”
Pois o diretor de fotografia do premiadíssimo “Nomadland”, da cineasta Chloé Zhao, resolveu responder a tese de Tarantino com um palavrão.
“Tarantino diz que o digital é a morte do cinema. Vai se f…, cara”, desabafou Joshua James Richards em entrevista à revista The New Yorker.
“Chloé não teve apoio, porque é chinesa. Com o formato digital, pudemos fazer nossos próprios filmes por US$ 100 mil num nível que é puro cinema”, ele defendeu.
Richards começou a colaborar com Chloé Zhao em seu primeiro longa-metragem “Songs My Brother Taught Me”, em 2015. O segundo longa da parceria, “Domando o Destino” (2017), foi premiado no Festival de Cannes e venceu o Gotham Awards. O terceiro é “Nomadland”, que depois de vencer os festivais de Veneza e Toronto no ano passado, acaba de conquistar o Globo de Ouro 2021 de Melhor Filme de Drama.
O quarto filme de Chloé Zhao também terá fotografia digital. Mas não será mais uma produção independente. É “Eternos”, uma superprodução da Marvel, orçada em US$ 200 milhões, que reúne um elenco grandioso encabeçado por Angelina Jolie. A estreia está marcada para novembro.