O produtor Dominique Boutonnat, presidente do Centro Nacional de Cinema (CNC), espécie de Ancine da França, foi preso na manhã de quarta-feira (10/2) pela polícia francesa. Ele está sendo processado por tentativa de estupro e agressão sexual por seu afilhado de 22 anos.
A alegada agressão sexual ocorreu em agosto durante um feriado na Grécia. A queixa foi apresentada pelo afilhado de Boutonnat em 7 de outubro e o mandato de prisão expedido agora.
“Dominique Boutonnat contesta ter cometido qualquer delito, ele está totalmente sereno sobre o resultado deste procedimento”, disse o advogado do produtor, Emmanuel Marsigny, à Agência France Presse (AFP).
Boutonnat, de 51 anos, foi produtor associado de filmes como o fenômeno de bilheteria “Intocáveis” (2011), além de “Polissia” (2011), “2 Dias em Nova York” (2012) e “Um Plano Perfeito” (2012), entre outros.
Ele se tornou presidente do CNC em julho de 2019 e inicialmente enfrentou rejeição generalizada dentro da indústria devido à sua proximidade com o presidente Emmanuel Macron e seu currículo como produtor e financista. Entretanto, sob sua liderança o CNC desempenhou um papel importante no estabelecimento de diretrizes para o combate ao assédio sexual na indústria cinematográfica francesa.
No dia anterior à apresentação da queixa, em 6 de outubro, Boutonnat compareceu a um evento co-organizado pela organização 50/50 e pela Associação Europeia contra a Violência contra as Mulheres no Local de Trabalho, durante o qual fez um discurso abordando a necessidade dos trabalhadores da indústria falarem abertamente sobre abusos sem medo de perder seus empregos durante a pandemia.
A acusação contra o produtor faz parte de uma onda de acusações de denúncias recentes de parentes que tem abalado importantes figuras públicas francesas. O #MeToo francês ficou conhecido como #MeTooInceste, porque tudo começou com a publicação no mês passado do livro “La Familia Grande”, em que a advogada Camille Kouchner acusou seu sogro Olivier Duhamel, um conhecido intelectual e gênio da televisão, de estuprar seu irmão gêmeo quando ele tinha 13 e 14 anos.
Dizendo-se inspirada pela leitura, a filha do ator e diretor francês Richard Berry (“Consentimento Mútuo”) também o acusou de incesto e estupro, alegando que foi abusada pelo pai entre as idades de 8 e 10.