Lançamento da Paramount+ é golpe letal na janela cinematográfica

O lançamento da Paramount+ na próxima quinta (4/3) representa mais uma pedra a atingir a janela de exibição cinematográfica. A perda de arrecadação nos cinemas, devido a pandemia de coronavírus, encorajou os […]

Divulgação/Paramount+

O lançamento da Paramount+ na próxima quinta (4/3) representa mais uma pedra a atingir a janela de exibição cinematográfica.

A perda de arrecadação nos cinemas, devido a pandemia de coronavírus, encorajou os estúdios a quebrar seu velho pacto firmado com os exibidores. Até o ano passado, os filmes ficavam em cartaz por 90 dias antes de aparecerem em outras mídias. Antigamente, este era o tempo que demorava para um filme sair em vídeo.

O início da era digital manteve inalterada essa “reserva de mercado”. Até a chegada da pandemia, que coincidiu com o lançamento de vários serviços de streaming e uma nova realidade financeira, em que os exibidores perderam poder de pressão, enfraquecidos pelo fechamentos de suas salas e restrições causadas pela covid-19.

Quando a Universal ousou lançar “Trolls 2” direto em VOD, no começo da pandemia, donos das maiores redes de cinema dos EUA subiram o tom e ameaçaram boicotar os filmes do estúdio. Mas isso foi quando muitos achavam que pandemia ia durar dois meses. Um ano depois, o tom dos exibidores é completamente diferente.

Por conta da mudança de ânimos, o anúncio dos novos planos da Paramount para deixar seus filmes em cartaz por apenas 45 dias, cortando a janela pela metade, antes de lançá-los em sua plataforma de streaming, foi recebido com resignação, porque é mais generoso do que Hollywood tem sido neste momento de crise financeira dos cinemas.

A ideia da Paramount é acelerar a chegada ao streaming de seus blockbusters, como “Missão: Impossível 7”, “Top Gun: Maverick” e “Um Lugar Silencioso 2”, para atrair assinantes para seu serviço, que passaria a ter exclusividade digital dos títulos.

A iniciativa ocorre após a Universal encolher sua janela para apenas 17 dias (três fins de semana), após a Warner acabar completamente com a janela ao lançar filmes simultaneamente nos cinemas e streaming, e após a Disney deixar os cinemas sem vários de seus lançamentos.

Mas enquanto Universal, Warner e Disney justificam suas ações com a necessidade de fazer caixa na pandemia, afirmando que se tratava de medida provisória, a Paramount é o primeiro estúdio a afirmar que sua nova janela é permanente.

Durante o anúncio da programação da Paramount+, o conglomerado ViacomCBS afirmou que pretende lançar suas novas produções na plataforma com esta janela mesmo após a pandemia, deixando filmes menores em cartaz por 30 dias e os blockbusters por 45. Este é um modelo que será implantado para sempre.

A decisão deixa claro que os cinemas nunca mais serão os mesmos depois da pandemia e do streaming.