A atriz e professora de teatro Berta Zemel morreu na noite de quinta-feira (25/2) em São Paulo, aos 86 anos, em decorrência de broncopneumonia.
Filha de imigrantes poloneses, Berta Zemelmacher nasceu na capital paulista em 1934, um ano após a chegada de seus pais ao Brasil. Ao virar atriz, mudou seu nome para facilitar a pronúncia em português, por sugestão do colega Sérgio Cardoso.
Com uma carreira que remonta aos anos 1950, ela desenvolveu muitos trabalhos no teatro como atriz e, posteriormente, professora, tendo formado uma geração de atores na escola Teatro Móvel, de São Paulo, ao lado do marido, o ator Wolney de Assis (1937-2015).
Sua ligação com as telas também é antiga, vindo desde 1956, como uma das intérpretes principais do “Grande Teatro Tupi”, um dos primeiros programas de ficção da TV brasileira.
Sua ascensão, porém, esbarrou na política. Após interpretar um de seus papéis mais populares, a personagem-título da novela “Vitória Bonelli” (1972), na Tupi, optou por ficar em menor evidência, porque seu marido se engajou na militância clandestina contra o regime. Ela abandonou o teatro, virando professora, e fez poucos trabalhos nos anos seguintes.
Apesar disso, ainda protagonizou “Os Apóstolos de Judas” (1976) e apareceu em “As Gaivotas” (1979), um dos últimos sucessos da Tupi. Fez ainda “Renúncia” (1982), adaptação da obra de Emmanuel/Chico Xavier na Band, e “Jogo de Amor” (1985), já no SBT.
Apesar da longa carreira, Berta Zemel só surgiu na tela da Globo em 1997, numa breve participação como professora na 3ª temporada de “Malhação”, antes de encerrar a trajetória televisiva com a novela “Água na Boca” (2008), na Band.
No cinema, ela participou de “O Quarto” (1968), de Rubem Biafora. Mas foi Geraldo Vietri, diretor da novela “Vitória Bonelli”, quem lhe o primeiro destaque cinematográfico, como protagonista do filme “Que Estranha Forma de Amar” (1977), baseado no romance “Iaiá Garcia”, de Machado de Assis.
Após três décadas afastada, ela retornou em “Desmundo” (2002), de Alain Fresnot, que lhe rendeu um troféu de Melhor Atriz Coadjuvante no Festival de Brasília, e a motivou a estender as atuações cinematográficas com papéis em “O Casamento de Romeu e Julieta” (2004), de Bruno Barreto, “A Casa de Alice” (2007), de Chico Teixeira, “Fronteira” (2008), de Rafael Conde, e ainda três curtas em 2010.
Sua história inspirou o livro biográfico “A Alma das Pedras”, escrito por Rodrigo Antunes Corrêa e publicado na Coleção Aplauso.